19 nov, 2020 - 00:01 • Lusa
O líder do PSD afirmou esta quarta-feira que “nunca na vida” um Governo que lidere se colocará “nas mãos do Chega”, mas não rejeitou o apoio parlamentar deste ou outro partido, se depender de propostas coincidentes com as suas.
Em entrevista à TVI, muito centrada na polémica do acordo nos Açores com o Chega que permitiu a viabilização de um Governo liderado pelo PSD, Rui Rio foi questionado se admitia uma solução semelhante a nível nacional.
“Nunca na vida um Governo liderado por mim se colocará nas mãos do Chega, o Chega a exigir tudo o que quer e pode, como está a fazer o PCP ao PS”, disse, rejeitando que qualquer partido “dos extremos” possa integrar um executivo social-democrata.
No entanto, questionado se admite um acordo parlamentar com o Chega, o líder do PSD respondeu com outra pergunta: “Se um partido, este ou outros, para votar a favor do programa, pedir aquilo que está perfeitamente coincidente e coerente com o nosso programa, acha que um partido minimamente inteligente recusaria?”, dizendo que tal é válido para o Chega, como para o BE ou o PCP.
Ainda assim, Rio admitiu que um acordo nacional com o Chega será mais improvável do que nos Açores, onde considera que o partido liderado por André Ventura pediu “quatro ou cinco pontos inócuos”.
“Não, acho que vai ser muito difícil e o Chega vai estar tentado a pedir coisas que são absolutamente inaceitáveis”, vaticinou.
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Rui Rio considerou que hoje o Chega é uma “federação de descontentes”, que existe “pela negativa”, mas admitiu que daqui a dois anos possa ter evoluído.
“Pode unir-se pela positiva ou até pode ter desaparecido, é uma probabilidade forte, demos tempo ao tempo”, disse.
Questionado se mudou de posição desde que há dois anos, então em campanha para a liderança do PSD, admitia que era preferível viabilizar governos minoritários do PS do que construir arranjos parlamentares sem vencer eleições, Rio responsabilizou o atual líder do PS, António Costa, que disse ter traçado “uma linha vermelha não para os extremos, mas para o centro”.
“O que defendo é o que o dr. Antonio Costa a todos nos ensinou: se eu conseguir fazer essa maioria parlamentar, é essa maioria parlamentar”, respondeu, embora ressalvando que continua a entender que “é preferível que quem é mais votado governe”.
“É uma questão de pragmatismo, não podemos ser hipócritas, se aquilo que o Chega, o BE, ou o PCP, esses partidos dos extremos, nos pedirem alguma coisa coisa que não vá ferir o nosso programa e seja coerente com o nosso programa, porque é que nós vamos dizer que não?”, questionou.
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Sobre o acordo com o Chega, Rio voltou a limitá-lo ao âmbito da Região Autónoma dos Açores, e afirmou que foi uma exigência do Representante da República “um suporte parlamentar preto no branco” para indigitar um líder do Governo Regional.
“Não havia outra hipótese que não fosse assim por imposição do Representante da República”, disse, admitindo que para o PSD até teria sido “mais cómodo” que tivesse sido o líder do PS/Açores a ser primeiro indigitado.
“Ao ser indigitado o dr. Vasco Cordeiro, nem que estivesse só quinze dias nunca mais se podia recandidatar, era um 31 para o PS…”, acrescentou.
Questionado se foi o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, quem exigiu esse acordo escrito, o líder do PSD remeteu a resposta para o Representante da República, Pedro Catarino.
O líder do PSD recusou que se tenha encontrado com André Ventura para dar aval a este acordo e disse que apenas houve conversas com o líder parlamentar, Adão Silva, para acertar o tom do comunicado em que o líder do Chega pretendia anunciar que viabilizaria o executivo PSD/CDS/PPM nos Açores.
“Nunca encontrei, o SMS [de André Ventura] foi mandado para mim e entreguei ao líder da bancada parlamentar para tratar ele disso”, afirmou, precisando que a versão inicial do comunicado do Chega “não estava em condições”, porque daria a entender que havia um acordo nacional entre os dois partidos, tese que o PSD continua a recusar.
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