28 nov, 2020 - 12:19 • Susana Madureira Martins no congresso
E, finalmente, o congresso acordou. Melhor, rebentou de ânimo mal João Ferreira subiu ao palco. Os congressistas e delegados que enchem o pavilhão Paz e Amizade, em Loures, levantaram-se antes e depois da intervenção do candidato presidencial que tem o apoio do partido e aos gritos de "João, avança, com toda a confiança".
Idolatrado pelo partido, o discurso de duas páginas, sempre pontuado por palmas, foi lido pausadamente, tendo como único alvo Marcelo Rebelo de Sousa, a quem apontou dez falhas ao longo dos cinco anos de mandato em Belém.
João Ferreira acusou mesmo o Presidente da República de ter contribuído "direta ou indiretamente, para degradar as condições de vida dos trabalhadores" e de ter deixado "mais vulneráveis os jovens em busca da sua autonomia e realização pessoal".
O candidato às eleições presidenciais de janeiro criticou, em específico, a "promulgação de alterações gravosas às leis laborais, sem fiscalização prévia do Tribunal Constitucional" e "uma ação que contribuiu sempre para conter e nunca para promover a necessária evolução dos salários".
Na intervenção, João Ferreira salientou que "um Presidente comprometido com o juramento que faz – defender, cumprir e fazer cumprir a Constituição – não pode deixar, no âmbito das suas competências e responsabilidades, de mobilizar o povo português para uma mudança".
Ora, para o candidato presidencial, foi exatamente isso que Marcelo não fez, acusando, por exemplo, o Presidente da República de ter contribuído "para pôr em causa o Serviço Nacional de Saúde, caucionando o desvio de recursos públicos para alimentar o negócio da doença".
Congresso do partido realiza-se até domingo, em Lo(...)
Ainda entre as falhas apontadas, o candidato presidencial apoiado pelo PCP aponta o que considera ser o contributo de Marcelo "para fragilizar direitos, liberdades e garantias, intrínsecos ao regime democrático", argumentando que é "algo que a emergência sanitária não justifica".
João Ferreira lembrou que "nada" do que está "inscrito nas páginas da Constituição" pode ser "letra morta", mas tem de ser "realidade concreta", o que para o candidato presidencial não aconteceu ao longo dos últimos cinco anos.
No final da intervenção, o dirigente comunista fez questão de referir que a sua candidatura "não é a de um homem só" – pelo contrário, "é impulsionada por um amplo e generoso coletivo", terminando o discurso com 32 segundos de um congresso levantado e aos gritos pelo nome de "João", o que tem ordem para avançar "com toda a confiança".