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TAP

Pedro Nuno Santos entre a rutura com Costa e o aguenta-aguenta (até ver) no Governo

11 dez, 2020 - 06:42 • Eunice Lourenço , Paula Caeiro Varela , Susana Madureira Martins

O mal-estar entre o ministro das Infraestruturas e o Primeiro-ministro é cada vez maior e a desautorização de António Costa em relação à apresentação do plano de reestruturação da TAP, no Parlamento, terá deixado Pedro Nuno furioso.

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Já nem dá para disfarçar o quanto vão mal as relações de António Costa e Pedro Nuno Santos.

Foi ostensiva a desautorização do Primeiro-ministro ao Ministro das Infraestruturas que tencionava mesmo sujeitar a votos no Parlamento o plano de reestruturação da TAP. A situação já é definida como de “quase rutura” e pode ter um novo episódio na conferência de imprensa desta sexta-feira, em que o ministro vai apresentar o plano para a TAP.

Pedro Nuno Santos sente-se "derrotado" e "isolado" em toda a linha, como já desabafou em várias ocasiões nos últimos dias.

A Renascença sabe que Pedro Nuno terá mesmo ficado furioso com as declarações de Costa à entrada para o Conselho Europeu em que este afastou por completo a votação pelos deputados do plano da companhia aérea.

A frase do primeiro-ministro foi ouvida em Lisboa como cheia de veneno e com alvo certo.

“Não vale a pena o Governo ter a ilusão que pode transferir para outro órgão de soberania aquilo que só a ele lhe compete fazer. Seria, aliás, um erro que assim fosse”, disse Costa em Bruxelas. O ministro queria transferir competências e responsabilidades, mas não tem poder para o fazer.

E o primeiro-ministro não se ficou por aqui. Fez questão de dizer que "quem anunciou, ou teve uma má fonte, ou se precipitou naquilo que era a perspetiva da atuação do Governo”.

Ao falar em “quem anunciou”, António Costa referia-se a Marques Mendes, atual comentador da SIC e conselheiro de Estado, que no domingo anunciou, no seu espaço de comentário, que Governo pretendia levar o plano para a TAP a votos no Parlamento.

Ao fazer a ligação a Marques Mendes, Costa deixou, assim, no ar que a fonte de Marques Mendes no comentário deste domingo na SIC teria sido o próprio ministro das infraestruturas. Há muito que há essa ideia entre socialistas: que Pedro Nuno Santos passa informações a Marques Mendes, já desde o tempo em que era secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares e tinha um papel importante nas negociações dentro da chamada gerigonça.

O comentador da SIC gosta, como ele próprio diz, de dar notícias e várias vezes tem dado antecipações sobre decisões do Governo, ainda que nem sempre sejam completamente acertadas. Algumas das informações passadas por Mendes nos seus comentários são também, por vezes, vistas como um teste: conforme forem as reações assim se confirmam ou não.

Relação estragada desde 2018

Pedro Nuno Santos detestou a intervenção de Costa em Bruxelas, mas não deu troco à provocação do primeiro-ministro e, para já, por sua vontade, não deverá deitar a toalha ao chão - ou seja, desta vez não deverá manifestar vontade de sair do governo à boleia de mais esta polémica - a não ser que o próprio Costa o decida assim. E é sabido que este não se ensaia nada em fazer uma remodelação (mais ou menos alargada) à hora e dia que quiser e gostar mais.

Contudo, esta sexta-feira, na conferência de imprensa em que vai apresentar o plano para a TAP, o ministro deve assumir a divergência com o primeiro-ministro sobre o processo político à volta deste plano. Pedro Nuno Santos já assumiu esta quinta-feira à noite, ao Expresso, que gostaria de uma votação no Parlamento. Na conferência de imprensa, caso seja questionado sobre o assunto, o ministro assumirá a divisão no governo.

Ainda antes do primeiro-ministro, Pedro Nuno Santos já tinha sido desautorizado na sua vontade de levar o plano a votos pela líder parlamentar do PS. “Para o grupo parlamentar do PS é muito clara a nossa posição: este é um plano de reestruturação cuja competência é do Governo, há necessidade de o Governo prestar contas ao parlamento sobre aquilo que está a fazer, não há necessidade de um plano de reestruturação de uma empresa estratégica como a TAP ser votado no parlamento”, afirmou Ana Catarina Mendes á saída da reunião com o Governo sobre o plano para a TAP.

Dentro das tendências do PS e de uma futura sucessão de António Costa na liderança socialista, Ana Catarina Mendes está do lado oposto ao de Pedro Nuno Santos

A relação entre António Costa e Pedro Nuno Santos está estragada desde o congresso do PS na Batalha em 2018, precisamente por causa da eventual sucessão.

Nesse congresso, depois de uma intervenção muito aplaudida e muito à esquerda de Pedro Nuno, Costa avisou que não estava a pensar “meter os papéis para a reforma”.

Contudo, na preparação para o que deveria ter sido o congresso socialista de maio deste ano, o ministro e dirigente socialista continuou a fazer o que considera ser o seu “caminho natural” de reforço de poder no partido.

Se, há um ano a relação entre Costa e Pedro Nuno era descrita à Renascença por uma fonte próxima do ministro com um "dá para trabalhar", agora é mesmo tida como "à beira da rutura".

Um dos mais recentes episódios de mal-estar entre António Costa e Pedro Nuno Santos deu-se com as presidenciais.

Costa pediu reserva aos ministros sobre estas eleições e não tardou a rebentar um bate-boca entre o ministro dos Negócios Estrangeiros e o ministro das infraestruturas que se dividiram entre os elogios a Marcelo Rebelo de Sousa e a defesa da candidata da área socialista Ana Gomes, respetivamente.

Depois disso tudo azedou na reunião interna da comissão nacional do PS sobre presidenciais, em que também aí Pedro Nuno ficou isolado nas críticas ao atual Presidente da República a quem acusou de ser um fator de instabilidade e de ter "contribuído para uma menor consistência da solução governativa" ao não ter exigido um acordo escrito aos partidos de esquerda no início da legislatura.

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  • Americo Anastacio
    11 dez, 2020 Leiria 08:00
    Em relação à TAP, onde está o "amigo pessoal" de Costa, um tal Lacerda, que tratou da nacionalização da TAP, era muito "inteligente" , foi para a administração e o resultado está aí. Não há consequências ? Até quando vamos "aguentar" isto. Um País tão pequeno, para onde tem "vindo" milhões e milhões de euros e continuamos na cauda da Europa. Temos que ganhar força para acabar com isto.

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