14 dez, 2020 - 23:21 • Lusa
A candidata presidencial Ana Gomes acusou esta segunda-feira o Presidente da República de ser "o grande desestabilizador" do sistema político, dizendo que Marcelo Rebelo de Sousa ora se encosta ao Governo, ora lhe puxa o tapete.
Esta posição foi assumida pela diplomata e ex-eurodeputada socialista em entrevista à TVI, no espaço do jornalista Miguel Sousa Tavares, depois de questionada sobre as razões que a levam a defender que um segundo mandato presidencial de Marcelo Rebelo de Sousa será "perigoso para Portugal".
"O Presidente das República é o grande desestabilizador. Passa a vida ora a encostar-se ao Governo, ora a tirar o tapete ao Governo. Ainda agora, algumas pessoas no meu partido parece que ainda não toparam isso. Mas a verdade é que neste episódio último com o ministro da Administração Interna [Eduardo Cabrita] ele tem estado todos os dias a desautorizá-lo", apontou.
Nesta entrevista, Ana Gomes acusou também o atual chefe de Estado de estar "a normalizar um partido racista e fascista", o Chega, e de não combater "as infiltrações da extrema-direita nas forças de segurança".
A ex-eurodeputada reiterou que o Chega não deveria ter sido legalizado pelo Tribunal Constitucional.
Se for eleita Presidente da República, disse que uma das suas primeiras iniciativas será a de solicitar à procuradora Geral da República, Lucília Gago, cuja instituição tem uma delegação junto do Tribunal Constitucional, "uma reapreciação da legalidade do Chega, não apenas pelo programa, mas também pela sua reiterada prática xenófoba e racista".
"Posso desde já assumir esse compromisso", reforçou.
Questionada como procederá com o líder do Chega, André Ventura, no momento em que se encontrar com ele para um debate televisivo no âmbito das eleições presidenciais, Ana Gomes respondeu: "Darei um cumprimento sanitário, um cumprimento que aprendi no Japão, acenando com a cabeça".
"Agora, apertar a mão, nem era preciso o atual contexto sanitário. Eu tenho linhas vermelhas em relação a pessoas a quem aperto a mão", afirmou.
Outra linha de vermelha colocada por Ana Gomes nesta entrevista relacionou-se com o presidente do Brasil, Jair Bolsonaro.
Se for Presidente da República, Ana Gomes declarou que fará "tudo para evitar" Bolsonaro, não o convidando para vir a Portugal, nem, pela sua parte, fazendo qualquer visita ao Brasil enquanto ele exercer as atuais funções.
"Mas isso não significa não manter aberta a relação diplomática em todos os campos com o Brasil", ressalvou a diplomata.