15 dez, 2020 - 18:31 • Lusa
O ministro das Infraestruturas, Pedro Nuno Santos, afirmou esta terça-feira no Parlamento que o acionista David Neeleman “não tinha um euro para meter na TAP” e que o Governo quis ser “senhor” do plano de reestruturação.
“David Neeleman não tinha um euro para meter na TAP”, garantiu Pedro Nuno Santos, na Assembleia da República, perante os deputados da Comissão de Economia, Inovação, Obras Públicas e Habitação.
Assim, prosseguiu, o Governo preferiu pagar 55 milhões de euros ao antigo acionista David Neeleman para sair da companhia e abdicar das prestações acessórias a que tinha direito, tornando-se, assim, “senhor do plano de reestruturação”, em vez de deixar essa responsabilidade a um privado que “mais cedo ou mais tarde” sairia da estrutura acionista.
“Tínhamos um sócio que não queria meter nem um cêntimo na companhia aérea. Os senhores [deputados] queriam que nós garantíssemos, que déssemos uma garantia pública para empréstimos à TAP, […] e eles continuariam a gerir a empresa de acordo com os seus interesses, […] que não estavam alinhados com os bons interesses do país e dos portugueses?” questionou o ministro das Infraestruturas e da Habitação.
"A TAP ou é reestruturada ou não vai sobreviver, n(...)
Segundo avançou Pedro Nuno Santos, o outro acionista do consórcio Atlantic Gateway, Humberto Pedrosa (e que se mantém na estrutura acionista) “abdicou voluntariamente das prestações acessórias”, que podiam ser convertidas em ações, ao contrário de David Neeleman.
O ministro tinha já afirmado, na quinta-feira, em conferência de imprensa para apresentar publicamente o plano de reestruturação da TAP, que David Neeleman “tinha direito a prestações acessórias de 224 milhões de euros” ou seja, “no momento em que o Estado se tornasse maioritário, o privado ia pedir 224 milhões de euros”.
“O Estado não ia aceitar, ia disputar”, indicou, salientando que a solução mais aceitável foi pagar 55 milhões de euros ao acionista.
Ou seja, acrescentou, "David Neeleman aceitou perder 169 milhões de euros".
Segundo o governante, o Estado pagou "ao sócio privado para ele ir embora", que "não só foi poupado a injetar dinheiro na companhia", como ainda recebeu 55 milhões de euros para sair.