06 abr, 2020 - 10:30 • Eunice Lourenço
O primeiro-ministro, António Costa, muda-se para a residência oficial caso seja infetado com Covid-19 ou precise de ficar em quarentena por ter contatado com alguém infetado. Costa já tem um quarto preparado no Palacete de São Bento para esse efeito.
O Palacete de São Bento, situado na rua da Imprensa à Estrela e com jardins com ligação direta ao Parlamento, é a residência oficial do primeiro-ministro, mas funciona sobretudo como espaço de trabalho. Nos últimos anos, só Cavaco Silva e Pedro Santana Lopes usaram como residência, tendo Cavaco vivido lá com a mulher e os filhos e foi no seu tempo como primeiro-ministro que foi construída uma piscina.
O palacete, com António Costa a primeiro-ministro, também tem sido usado para exposições de arte contemporânea. Em janeiro foi inaugurado o “Design em São Bento – Traços da Cultura Portuguesa” , uma ideia do próprio António Costa que contactou o Museu do Design e da Moda (MUDE) e que levou à instalação de cerca de 80 peças de mobiliário, iluminação e decoração que deveria estar patente durante 18 meses, com visitas guiadas todos os primeiros domingos de cada mês.
De forma geral, todos os outros primeiros-ministros além de Cavaco e Santana só têm usado a parte residencial do palacete em alturas de crise. E é o que voltará a acontecer com António Costa caso o atual primeiro-ministro fique infetado com covid-19 (e desde que não precise de hospitalização) ou se tiver de guardar quarentena por ter estado em contato direto com um doente.
Para esse efeito, ao que a Renascença sabe, já está preparado um dos quartos, com tudo o que será necessário caso seja preciso o primeiro-ministro mudar. António Costa vive atualmente na freguesia de Benfica, em Lisboa, depois de ter morado vários anos no concelho de Sintra.
Quem vive fora do concelho de Lisboa e se vai mudar para Lisboa durante os dias em que todos os portugueses devem estar no seu concelho de residência é o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, que tem a sua residência particular em Cascais.
Marcelo já assumiu publicamente que se muda para Belém de quinta a segunda, dia 13, e passa a Páscoa em Belém. Nas últimas duas semanas, aliás, o Presidente já tem passado algumas noites na residência oficial.
O Palácio de Belém, tal como o Palacete de São Bento, tem uma zona residencial, mas ainda menos usada pelos titulares do cargo. Só Ramalho Eanes se mudou para lá com a família. Mário Soares usava, esporadicamente, um quarto para descansar e Jorge Sampaio terá dormido lá apenas uma noite. Cavaco enquanto Presidente, apesar de também ali ter mandado construir uma piscina, não se mudou para lá, ao contrário do que tinha feito como primeiro-ministro vários anos antes e com filhos ainda a cargo.
A parte residencial do Palácio de Belém estava, portanto, muito pouco usada e a precisar de alguns melhoramentos quando Marcelo Rebelo de Sousa chegou à Presidência. De início, o Presidente não pensou em usá-la, mas foi sentindo necessidade de ficar em Lisboa, sobretudo quando tinha compromissos cedo, pelo que acabou por, em 2017, decidir autorizar umas obras e melhoramentos, que passaram sobretudo por uma pintura nova nas paredes dos quartos, um colchão e roupa de cama novos e um arejamento dos espaços que chegaram a ser usados para arrumos.
A parte residencial do Palácio tem uma sala de entrada, uma sala de jantar, mais duas salas de estar, dois quartos, escritório e uma copa. A cozinha é no andar de baixo e num andar acima há ainda uma outra sala (que Soares usava para fumar) e um salão com piano e mesa de snooker. Esta parte da residencial oficial do Presidente da República tem ainda um jardim interior com piscina.
Ao optar por passar a Páscoa em Belém, Marcelo não só evita ter de se deslocar entre concelhos – para vir de Cascais para Lisboa teria ainda de passar também pelo concelho de Oeiras – como evita ficar confinado na sua casa de Cascais, que não tem espaço exterior, além do terraço de onde o Presidente chegou a falar quando esteve na sua quarentena autoimposta.
Em Belém, o Presidente tem tudo o que precisa para trabalhar e ainda vários jardins e espaços verdes por onde caminhar, podendo cumprir os sete quilómetros que Marcelo tenta fazer todos os dias.