21 dez, 2020 - 22:32 • Redação com Lusa
Marcelo Rebelo de Sousa diz que os portugueses não podem ser enganados com a vacina contra a Covid-19 como o foram com a vacina da gripe. “É verdade. Os portugueses foram enganados e eu já reconheci isso numa entrevista”, referiu o recandidato a Belém, em resposta a Miguel Sousa Tavares nesta segunda-feira à noite.
“Reconheci que disse baseado naquilo que era a convicção da senhora ministra da Saúde”, sublinhou o chefe do Estado e candidato à reeleição presidencial em janeiro de 2021.
Quanto à vacina da Covid-19, Marcelo considera que o processo está a ser agilizado e acompanhado de forma diferente. Ainda assim, “aquilo que tenho insistido é o seguinte: não elevar expectativas dos portugueses, porque começa a vacinar-se no dia 27, é verdade, os profissionais de saúde e o primeiro grupo de risco, a primeira toma. A segunda toma será 30 dias depois, portanto, ninguém está cabalmente vacinado com duas tomas antes do final de janeiro”, advertiu.
Marcelo Rebelo de Sousa afirmou esta segunda-feira que espera um segundo mandato mais difícil, se for reeleito Presidente da República, identificando "mais pulverização" no sistema partidário, à esquerda e à direita, mas afastou uma crise política em 2021.
"Eu acho que o segundo mandato vai ser mais difícil, se for atribuído pelos portugueses", declarou o chefe de Estado e candidato presidencial, em entrevista à TVI, referindo que não sabe quando acabará a pandemia de Covid-19 e qual a duração e profundidade da crise económica e social.
Marcelo Rebelo de Sousa argumentou que, "quanto mais longo for tudo isto, maior a desigualdade entre os portugueses", realçando que "esse é um fator que está a agravado".
"E quanto maior for isto tudo, maior o stress do sistema político. Ora, o sistema político, quando eu entrei, tinha um fator de stress, que eram dois hemisférios que não se podiam ver um ao outro, ambos achavam que tinham legitimidade para governar o país. Agora é mais do que isso: os hemisférios existem, só que dentro dos hemisférios há mais parceiros, há mais protagonistas, há mais pulverização", acrescentou.
Segundo o Presidente recandidato, "portanto, é mais difícil a sustentabilidade da área de esquerda no poder e é mais complexa a construção de uma alternativa de direita na oposição".
Questionado se lhe passa pela cabeça a possibilidade de no próximo ano haver eleições legislativas antecipadas, respondeu: "Não, Isso não passa".
Marcelo Rebelo de Sousa assinalou que o Orçamento do Estado para 2021 foi aprovado, que no primeiro semestre Portugal terá a presidência da União Europeia e que depois haverá eleições autárquicas.
"E logo a seguir há o debate interno nos partidos pelo termo do mandato de muitas lideranças. O que significa que não é desejável e não é previsível nenhuma crise em 2021", concluiu.
Nestas declarações à TVI, o Presidente da República considerou, ainda, que, no caso da morte de Ihor Homenyuk usou uma "expressão paralela" à da intervenção que antecedeu a demissão de Constança Urbano de Sousa de ministra da Administração Interna em 2017.
Questionado se admite que não foi tão duro agora com o ministro da Administração Interna, Eduardo Cabrita, como com a sua antecessora neste cargo, Constança Urbano de Sousa, face aos incêndios, em outubro de 2017, o chefe de Estado discordou dessa leitura.
"Não, eu usei até uma expressão, eu usei no outro dia em Belém uma expressão que era paralela a essa, num plano diferente", contrapôs.
Antes, Marcelo Rebelo de Sousa referiu que em 2017 defendeu que "valia a pena pensar se quem no plano da Administração Pública exercia funções que tinham conduzido a certo resultado eram as pessoas indicadas para a mudança", falando então em geral na Administração Pública.
"E a senhora ministra [Constança Urbano de Sousa] pediu a exoneração. A senhora ministra da Administração Interna pediu a exoneração, na altura. Não tenho conhecimento de pedido de exoneração nem proposta de exoneração do senhor ministro da Administração Interna [Eduardo Cabrita]", acrescentou o Presidente da República.
No dia 17 de outubro de 2017, numa declaração ao país, feita a partir da Câmara Municipal de Oliveira do Hospital, no distrito de Coimbra, Marcelo Rebelo de Sousa defendeu que era preciso "abrir um novo ciclo", na sequência dos incêndios, e que isso "inevitavelmente obrigará o Governo a ponderar o quê, quem, como e quando melhor serve esse ciclo".
Agora, em relação ao caso do SEF, no dia 10 deste mês, no Palácio de Belém, em Lisboa, o Presidente da República defendeu que era preciso apurar se a morte de Ihor Homenyuk corresponde a uma atuação sistémica e que, se assim for, há que mudar a instituição e protagonistas. "Quem protagonizou a passada provavelmente não tem condições para protagonizar a futura".