06 jan, 2021 - 01:27 • Lusa
Os candidatos presidenciais Marisa Matias e Vitorino Silva lançaram, esta terça-feira, críticas a Marcelo Rebelo de Sousa, apontando-lhe “esperteza a mais” ou lamentando os “bloqueios à esquerda”, num debate em tom ameno, sem divergências de fundo.
No debate transmitido pela RTP3, o tom geral foi ameno, não tendo existido qualquer confronto direto ou críticas entre as propostas dos candidatos.
As críticas dirigiram-se ao atual Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, cujo primeiro mandato, considerou Marisa Matias, foi “mais negativo do que positivo” com vários "bloqueios" à esquerda.
“O Presidente da República foi, já no exercício das suas funções, um bloqueio a entendimentos de esquerda que eram importantes que tivessem vingado e isso creio que é uma das características do mandato de Marcelo Rebelo de Sousa que obviamente se irá prolongar num segundo mandato, embora eu não pense que fazer futurologia é das coisas que mais ganha”, apontou a candidata bloquista.
Marisa Matias recordou as “posições antagónicas” com Marcelo em relação ao Banif e ao Novo Banco, vincando que o país precisa de um Presidente que “contrarie os bloqueios em relação às respostas que precisamos para a crise” e não “alguém que ajude a manter os bloqueios ou que ainda acrescente bloqueios aos que já existem”.
Já Vitorino Silva acusou Marcelo de colocar muitas vezes “a esperteza à frente da inteligência” e considerou que um segundo mandato do atual Presidente vai ser prejudicial ao primeiro-ministro, António Costa.
Para o candidato, os dois políticos “andaram a embalar-se um ao outro” mas, previu, “se o PS votar em massa no Marcelo e o Marcelo tiver 70%, a primeira pessoa a ser posta de lado vai ser o António Costa” porque o Presidente “nunca mais vai precisar” do primeiro-ministro, considerou.
Marisa Matias foi ainda questionada sobre as declarações no debate com Ana Gomes, realizado na segunda-feira, no qual a socialista admitiu que existiram conversas sobre a possibilidade de uma candidatura comum numa "primeiríssima fase".
A candidata bloquista esclareceu que as duas candidatas falaram enquanto amigas mas que fundir candidaturas "nunca foi um tema".
E sublinhou: “Eu acho que nós não temos um excesso de candidaturas à esquerda nestas eleições e por acaso até temos um problema é com a demissão do partido do governo em não ter avançado para estas eleições. Não temos excesso, temos é um défice”.
Quanto a Vitorino Silva, apresentou a sua candidatura como “uma candidatura de esquerda às direitas”.
Questionados sobre a famosa “bazuca” europeia, que pretende amenizar as consequências económicas causadas pela pandemia da Covid-19, o candidato apoiado pelo RIR alertou para a necessidade de uma aplicação prática e visível “ao povo” dos fundos europeus e Marisa Matias elogiou o trabalho de cooperação da União Europeia em relação à vacina, deixando críticas, no entanto, aos montantes e à proporção entre subvenções e instrumentos de endividamento destes fundos.
Já no fim do debate, Marisa Matias tentou evidenciar alguma divergência com o candidato Vitorino Silva, apontando que este foi contra a ‘geringonça’, mas o tom manteve-se ameno, com ambos a concordar nos perigos de movimentos populistas.
Além de Marisa Matias e de Vitorino Silva, também são candidatos à Presidência da República o atual chefe de Estado Marcelo Rebelo de Sousa, Ana Gomes, André Ventura, Tiago Mayan Gonçalves e João Ferreira.
As eleições presidenciais estão agendadas para 24 de janeiro.