10 jan, 2021 - 13:05 • Liliana Monteiro
"Se as pessoas não podem ir aos locais pré-definidos, eu posso ir ao encontro das pessoas, é isso que farei cumprindo as regras. Não podemos transformar campanhas em monólogos, sem dar voz às pessoas que nas campanhas têm oportunidade de ter voz que às vezes não têm de outra forma”. Este é o apelo que a candidata Marisa Matias fez este domingo, no início da campanha para as presidenciais de 24 de janeiro, marcada pela sombra de um mais do que pervisível confinamento.
A candidata do Bloco de Esquerda à Presidência da Republica explicou que quer ouvir pessoas e até chegar onde Marcelo não chegou. Exemplo disso foi o encontro desta manhã com um conjunto de antigas trabalhadoras da fábrica da Triumph que fechou portas em Sacavém.
“Estou aqui para marcar a memória da luta mais corajosa que assistimos neste país, pela dignidade de quem trabalha e pelos seus direitos. Estive há três anos aqui e estou de novo hoje. Presente onde Marcelo esteve ausente, onde coloca bloqueios para manter as leis da troika naquilo que são condições de trabalho. Eu quero entendimentos que permitam combater a precariedade e salvaguardar o trabalho”, sublinhou a candidata.
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Recorde-se que estas trabalhadoras fizeram mais de um mês de vigília em frente à fábrica da Triumph, em 2018, para evitar a saída de máquinas e património da fábrica que faliu.
Em conversa com Marisa Matias recordaram que na altura pediram ajuda a Marcelo Rebelo de Sousa que acusam de nada ter feito e de não ter dado resposta aos pedidos das trabalhadoras.
“Quando é preciso ajudar as pessoas honestas ele ( Marcelo) não o faz. Diz que é Presidente de todos os portugueses, mas não é”, afirmou uma das ex-trabalhadoras, agora à espera da luz verde para a reforma.
Três anos depois estas mulheres continuam a aguardar a decisão da justiça para receberem a devida indemnização.
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“Umas conseguiram reforma, outras não, o subsidio termina em março. Tivemos muito tempo sem receber e a ter de dar resposta às nossas responsabilidades. Só queremos o que é nosso e precisamos disso. Há pessoas que já morreram e não vão ver o dinheiro”, lamentava Dora Viegas.
Marisa Matias diz que um novo confinamento pode impedir campanhas com muita gente, mas garante que tudo estava já pensado.
“Quando preparámos a campanha falámos com especialistas e percebendo que muito provavelmente estaríamos numa terceira vaga que é o que se está a confirmar. Por isso, não necessitamos de anular arruadas, almoços, jantares e grandes comícios porque não os tínhamos planeado”.
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Questionada sobre se teme a abstenção, Marisa admite que é um “receio legitimo”, mas que tudo está feito para o voto ser seguro e cumprindo todas as normas da DGS.
Para mais logo está agendado o comício de arranque da campanha do Bloco de Esquerda, no cinema São Jorge, em Lisboa. Um comício que será muito diferente, com uma sala vazia, Marisa sozinha em palco e os apoiantes virtualmente plasmados num ecrã.