24 jan, 2021 - 19:07 • Filipe d'Avillez
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Os portugueses devem bater este domingo o recorde de abstenção numa eleição presidencial, segundo as projeções anunciadas ao fecho das urnas.
As principais projeções são, contudo, muito diferentes entre si. A RTP (Universidade Católica) apresenta uma abstenção que pode variar entre os 50% e os 55%, a projeção da TVI indica uma abstenção entre os 54.5% e os 58.5% e a SIC (ICS/ISCTE/GFK Metris) aponta para os 56% aos 60%.
Portugal deve, assim, bater o recorde de abstenções numa eleição presidencial que antes estava fixado em 53,48%, correspondendo a 5.164.500 pessoas, na eleição de 2011 em que Cavaco Silva foi eleito para um segundo mandato.
O número de eleitores que se abstiveram este domingo deve superar ainda os 51,34% das eleições de 2016, em que Marcelo Rebelo de Sousa venceu, o que confirma ainda a tendência de a abstenção ser mais alta quando o incumbente se recandidata, provavelmente por, como tem sido regra, a reeleição ser praticamente garantida.
As eleições presidenciais de 2011 foram as primeiras em que a percentagem de abstencionistas ultrapassou os 50%. Nas eleições de 2006, em que Jorge Sampaio ganhou o seu segundo mandato, a abstenção chegou aos 49,09%.
É de sublinhar ainda que nestas eleições os cadernos eleitorais contam com mais cerca de um milhão de eleitores do que as anteriores, na maioria emigrantes.
Há muitos fatores que ajudam a explicar a taxa de abstenção. Para além das pessoas que não votam por simples desinteresse, há também os que não o fazem por convicção, por discordarem do sistema.
Deve ainda ser tido em conta que os cadernos eleitorais estão sempre desatualizados, uma vez que entre cada atualização morrem pessoas.
Este ano, contudo, há uma circunstância especial, que é a pandemia. Não só a Covid-19 poderá ter dissuadido muitas pessoas de ir às urnas, apesar de todos os cuidados que foram implementados por parte da Comissão Nacional das Eleições, como houve ainda muitos que ficaram impedidos de votar por terem ficado infetados ou em isolamento profilático depois do prazo para poderem solicitar votar a partir de casa.
Apesar de a percentagem de abstenção ter sido elevada nestas presidenciais, a nível nacional nada bate as eleições europeias, em que a taxa de abstenção supera consistentemente os 60% desde 1994, em que se fixou nos 64,49%, tendo ficado nos 59,97% em 1999 e subido sempre desde aí.
O recorde absoluto foi atingido nas últimas europeias, ficando muito perto dos 70%, nos 69.27.
Nas legislativas o valor da abstenção tende a ser mais baixo. Em 2019 foi batido o recorde, com uma abstenção de 51,43%.
Já nas autárquicas a participação tem sido sempre acima dos 50% e o máximo de abstenção foi em 2013, com 47,40%.