04 fev, 2021 - 07:20 • Lusa
Alberto João Jardim defende que Portugal precisa de um "governo de salvação nacional" e que o PSD carece de uma "mudança urgente" para liderar a "transformação do sistema político" e captar o "eleitorado que não vota".
"Tenho uma grande amizade pessoal para com Rui Rio. Admiro-lhe a firmeza nos princípios e nos valores, bem como o seu humanismo, inteligência, patriotismo e humildade. Portanto, não está em causa a lealdade que lhe devo, mas é urgentíssimo que o Partido Social Democrata mude", defende Jardim, num texto publicado esta quinta-feira no JM (Jornal da Madeira).
Com o título "Repôr o PSD", o artigo sustenta que se impõe "saber convencer com racionalidade a metade dos portugueses que não vota" e que tal começa por um "compromisso sério e credível de, sempre em regime democrático, alterar o sistema político", um propósito que deve ser "imediato" antes "que os extremos políticos captem o meio Portugal que não adere ao presente estado de coisas".
Para o antigo presidente do PSD-Madeira e do Governo Regional, o "triunfo irresponsável do politicamente correto" salda-se, hoje, numa grande abstenção de portugueses "claramente alérgicos à situação política em Portugal", o que abriu espaço para a "extrema-direita monopolizar as motivações e necessidades de tantos portugueses".
E, acrescenta, "também o PSD nacional paga o preço das suas retrações pequeno-burguesas, dondocas, ante o politicamente correto".
"Em vez de liderarmos a transformação do sistema político, por dentro como sempre defendi, hoje temos uma pseudo-esquerda troglodita que sacraliza cega e conservadoramente a Constituição de 1976", critica.
O antigo líder do PSD/M propõe uma estratégia para o PSD nacional, assente "num retorno às origens e a Sá Carneiro e "ser o PSD a se reassumir como o principal e único viável partido anti-sistema político, pressionando uma revisão constitucional para aperfeiçoamento e defesa do regime democrático".
Alberto João Jardim propõe ainda "a absoluta necessidade de um Governo de Salvação Nacional, com os partidos democráticos, dada a situação económico-social de Portugal piorar de dia para dia e o País ter caído para a cauda da Europa mesmo antes do covid-19", facto que considera "absolutamente indispensável para os portugueses segurarem o Estado Social".
O PSD, defende, não deve hesitar "na construção de um federalismo europeu", deve liderar o processo de regionalização e reassumir-se "como nos tempos de Francisco Sá Carneiro, Pinto Balsemão, Cavaco Silva e Durão Barroso", como o "partido das autonomias, fazendo frente ao centralismo jacobino dos socialistas e ao colonialismo subjacente às lógicas comunistas e da extrema-direita".