06 fev, 2021 - 16:31 • Eunice Lourenço
Adolfo Mesquita Nunes, o antigo vice-presidente do CDS que quer um congresso antecipado, decidiu abandonar o Conselho Nacional do partido, que decorre este sábado e onde será votada uma moção confiança apresentada pela direção de Francisco Rodrigues dos Santos.
Mesquita Nunes abandonou a reunião por discordar do andamento dos trabalhos, depois de o presidente do Conselho Nacional, Filipe Anacoreta Correia, ter aberto a discussão entre os conselheiros sobre como deve ser votada a moção de confiança. Para o ex-vice e para os seus apoiantes, o que vale é a decisão do Conselho de Jurisdição que decidiu que deve ser voto secreto.
Voltar a colocar o assunto em debate é “agir à margem da lei”, acusou Mesquita Nunes, que falou mesmo uma “decisão ilegal e cobarde”.
“Acabo de abandonar o Conselho Nacional do CDS. A Mesa do Conselho Nacional recusou-se a aceitar um parecer vinculativo da Jurisdição do partido que obriga as moções de confiança a serem votadas por voto secreto. Foi uma violação dos Estatutos”, escreveu já Mesquita Nunes nas redes sociais, depois de sair da reunião.
“Não querem um congresso, não querem ouvir os militantes e agora não querem sequer ouvir a liberdade dos conselheiros em voto secreto. Não posso acompanhar esta decisão ilegal da Mesa do Conselho Nacional. Que não haja equívocos: eu estou no partido, eu continuo no partido, apenas não estou numa decisão ilegal nem participo nela”, acrescenta.
As decisões e a condução dos trabalhos tem sido muito criticados por críticos da direção do CDS. O eurodeputado Nuno Melo, por exemplo, acusa Anacoreta de “abuso de poder” e considera que “a legalidade e a credibilidade deste Conselho Nacional ficaram feridos de morte”. Num post publicado na rede social Facebook, Nuno Melo conta que apresentou um recurso da decisão sobre a ordem de trabalhos que deveria ter sido debatido e votado e não foi
“O presidente do Conselho Nacional Filipe Anacoreta Correia, não só violou um parecer vinculativo do Conselho Nacional de Jurisdição, como ignorou o recurso que apresentei, não o comunicando aos Conselheiros, num ato absolutamente ilegal e inacreditavelmente arbitrário”, escreve Nuno Melo.