10 mar, 2021 - 18:49 • Lusa
O presidente do PSD recusou hoje alinhar na expressão “democracia amordaçada” utilizada por Cavaco Silva, mas afirmou que existem “alguns episódios” de “exagero de controlo por parte do Governo”.
No final de uma reunião por videoconferência com o Presidente da República, sobre a situação da pandemia, Rio foi questionado se concordava com o antigo chefe de Estado Cavaco Silva que, no sábado, numa iniciativa do PSD, defendeu que Portugal vive “numa situação de democracia amordaçada”
“O termo ‘amordaçada’ é obviamente uma questão de português, não sei exatamente o que o professor Cavaco Silva ou o professor Marcelo Rebelo de Sousa - que tem uma visão ao contrário - entendem pela palavra amordaçada. Eu não iria por aí, mas devo reconhecer que há alguns episódios onde, efetivamente, é notório que há aqui um exagero de controlo por parte do Governo”, afirmou.
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Como exemplos, apontou a nomeação portuguesa para a procuradoria europeia ou a transição direta do ex-ministro das Finanças Mário Centeno para o cargo de governador do Banco de Portugal.
Mas é na área da comunicação social que Rio considerou existirem sinais mais preocupantes.
“Quando nós abrimos as televisões e vimos os programas de comentários, identifiquem-nos lá comentadores que não sejam afetos ao PS e, quando não são afetos ao PS e são afetos ao PSD, [os que] não são contra a direção nacional do PSD… Isso para mim é absolutamente evidente”, afirmou.
Questionado se tal é da responsabilidade dos órgãos de comunicação social ou se se deve a pressões do Governo, Rio deu uma resposta ambígua.
“Em primeira linha, é das direções das televisões que convidam aquelas pessoas ou não outras, tem de perguntar se o fazem por mote próprio ou por pressão do Governo. Há aquele termo muito popular: que determinadas pessoas são mais papistas que o papa… Não sei há mais papistas que o papa ou se é o papa diretamente”, afirmou, considerando que tem sido “um fenómeno que se tem agravado ultimamente”.
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Ainda assim, Rui Rio recusa qualquer cenário de risco para a democracia, frisando que nem tal foi dito por Cavaco Silva.
“A democracia pode estar mais pura ou mais impura (…) Agora que há aspetos que era bom que se corrigisse isso é verdade. Daí a estar a democracia em risco e ser preciso ser chamar as tropas… Isso também não me parece”, disse.