06 abr, 2021 - 16:57 • Lusa
O antigo secretário de Estado Carlos Moedas, assegurou hoje que o seu Governo disse não a Ricardo Salgado, ao contrário de anteriores "favorzinhos" e "jeitinhos" ao banqueiro, classificando esta semana como "importante para o país" relativamente à justiça.
Na sexta-feira será conhecido quem vai a julgamento na Operação Marquês, processo que envolve o ex-primeiro-ministro José Sócrates (PS), e sem nunca se referir diretamente ao processo ou a responsáveis do mesmo, Carlos Moedas disse, quando questionado acerca de um telefonema recebido de Ricardo Salgado, que o problema "foram aqueles que recebendo este tipo de telefonemas no passado fizeram aquilo" que "fizeram".
"E acho que esta semana é uma semana importante para Portugal nesse aspeto", considerou, afirmando, sem nunca nomear diretamente ninguém, a importância de "ver, realmente, que aqueles que durante anos, através desses favorzinhos, desses jeitinhos, desses crimes, deveriam ser levados à Justiça".
"A Justiça tarda, e tarda muito nesse aspeto, mas esses políticos são exatamente aqueles que destroem o sistema, e eu, com muita honra, não faço parte desse grupo, nunca farei. Lutarei sempre para mudar a maneira como se faz política", disse Carlos Moedas na audição de hoje.
Carlos Moedas falava na Comissão Eventual de Inquérito Parlamentar às perdas registadas pelo Novo Banco e imputadas ao Fundo de Resolução.
O antigo secretário de Estado Adjunto do primeiro-ministro Pedro Passos Coelho (Governo PSD/CDS-PP) e atual candidato autárquico a Lisboa disse que "Portugal tem de conseguir levar quem foi culpado a pagar por aquilo que fez".
"Mas esses culpados não foram o Governo ao qual eu pertenci. O Governo a que eu pertenci disse não a Ricardo Salgado, foi um Governo que fez aquilo que outros não tinham feito, e eu tenho orgulho nisso", disse Carlos Moedas.
O antigo governante tinha sido questionado por João Paulo Correia acerca da perda das poupanças de milhares de portugueses que investiram em produtos financeiros do Grupo Espírito Santo, considerando esse facto de algo "inadmissível" e "inaceitável".
"É pena que aqueles que são os culpados não paguem por isso", tinha já dito o agora candidato autárquico à capital.
Seis anos após ter sido detido, José Sócrates pode tornar-se no primeiro ex-chefe de Governo português a ser julgado por corrupção e outros crimes, caso não seja absolvido na instrução da Operação Marquês.
José Sócrates é o principal de uma galeria de 28 arguidos, que incluem outras figuras públicas, como o ex-presidente do BES Ricardo Salgado, o antigo ministro socialista ex-banqueiro Armando Vara, os ex-líderes da PT Zeinal Bava e Henrique Granadeiro, o empresário Helder Bataglia e Carlos Santos Silva, alegado "testa de ferro" do ex-primeiro-ministro e seu amigo de longa data.