16 abr, 2021 - 15:07 • Hélio Carvalho
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O Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) começa a ser discutido na terça-feira, mas o Governo já apresentou a versão final do programa que será financiado pela chamada “bazuca” europeia. Esta sexta-feira, o ministro do Planeamento, Nelson Souza, anunciou que o investimento em estradas, que caiu devido à pressão europeia, será pago pelo Orçamento do Estado e que o Estado vai comprometer-se a utilizar mais 2,3 mil milhões de euros em empréstimos para a capitalização das empresas.
Juntando esse compromisso com a utilização já prevista de 2,7 mil milhões de euros em empréstimos, o montante final a ser emprestado irá atingir os cinco mil milhões de euros.
No total do PRR, serão investidos 14 mil milhões de euros em 36 reformas e 77 investimentos em 19 "componentes". Os "componentes" incluem reformas na área da Saúde (1.383 milhões de euros), investimento na Habitação (1.633 milhões de euros, com mais 1.149 milhões a chegarem por empréstimo), investimento em Infraestruturas (833 milhões de euros), entre muitas outras áreas.
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Na apresentação do programa que vai aplicar as verbas da "bazuca europeia", Nelson Souza disse que foram retirados 140 milhões de euros em investimento em rodovia "fruto das negociações e da posição assumida pela Comissão Europeia", mas acrescentou que "em simultâneo, o Governo aprovou no quadro do Orçamento do Estado" esse investimento, "assegurando assim o financiamento desse investimento como fonte alternativa".
"Ele não vai ser financiado no âmbito do PRR, mas sim no Orçamento do Estado", resumiu o ministro.
O ministro também anunciou que quem "coordenará tecnicamente" a Estrutura de Missão, para supervisionar a execução do PRR, será Fernando Alfaiate, que exerce funções diretivas do programa Compete.
O primeiro-ministro, António Costa, aproveitou a sua intervenção para agradecer a António Costa e Silva, que coordenou o documento "Visão Estratégica", que serviu de base para o PRR apresentado.
“Estamos a chegar ao fim de uma longa maratona", disse ainda o primeiro-ministro, que considerou o apoio de Bruxelas como "um passo histórico".
Costa espera que o PRR português seja aprovado "em tempo o útil" pela Comissão Europeia, preferencialmente até junho. "A ambição que temos é que no Ecofin de 21 de junho possamos aprovar os primeiros planos, temos muita vontade que entre eles esteja o de Portugal", apontou.
Sobre o investimento nas empresas, que o plano prevê que chegue a 4.909 milhões de euros, "podendo chegar aos 7.209 milhões de euros com empréstimos", o primeiro-ministro acrescentou que estão previstos "um conjunto de apoios diretos", que consistirão em "apoios para a capitalização das empresas, para o investimento empresarial, através do Banco de Fomento, na área do emprego".
Costa disse ainda que o Governo está a "limar as últimas arestas" do PRR.
Tal como já tinha sido revelado, a Cultura e o Mar recebem investimento adicional. O ministro do Planeamento acrescentou que 93 dos 243 milhões de euros no setor da cultura serão investidos na digitalização de espaços culturais, criando novas plataformas e sites para apoiar as entidades.
Na segunda-feira, Nelson Souza já tinha dito em declarações à Renascença que o setor privado iria receber mais apoios dentro do PRR. O PCP também referiu à saída da apresentação do plano numa reunião com o Governo que o investimento em estradas seria reduzido por pressão europeia.
Antes de ser apresentado publicamente, o plano foi apresentado pelo ministro ao Presidente da República, durante a manhã, no Palácio de Belém.
As verbas a investir por parte da União Europeia na recuperação económica portuguesa têm vindo a ser alteradas, à medida que o PRR foi sendo discutido no debate público e em reuniões com a Comissão Europeia. Entre essas alterações está uma nas verbas para a Habitação, como já avançava a secretária de Estado da Habitação, em entrevista à Renascença e ao Público.