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Passos Coelho diz que há reformas que só se fazem "em confronto"

16 jun, 2021 - 19:43 • Paula Caeiro Varela , com redação

O ex-primeiro-ministro pede às forças políticas que "não esperem umas pelas outras" e faz soar o alarme em relação ao Serviço Nacional de Saúde e à Segurança Social.

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O Serviço Nacional de Saúde (SNS) está à beira do “ponto de não retorno” e os políticos não podem continuar a fingir que não conhecem os problemas. O antigo-primeiro-ministro afirma que há reformas que só se fazem “em confronto”.

Na apresentação de um livro de António Alvim, intitulado “Manual para uma mudança na Saúde”, Pedro Passos Coelho deu os exemplos da Segurança Social e do SNS para defender a necessidade de reformas e de novas políticas, porque a esquerda não aprende com os seus erros.

O antigo primeiro-ministro diz que na Saúde há racionamento de investimento há cerca de 20 anos e, atualmente, o investimento publico é ainda menor do que era quando foi chefe de Governo.

“Os próximos anos serão muito importantes para saber quanto vai custar a reforma da Segurança Social. Quantos mais anos demorar, mais custosa ela vai ser. No caso da Saúde, ela é muito mais urgente. Podemos estar muito próximos de chegar a um ponto de não retorno.”

Passos Coelho aponta críticas à redução de horário de trabalho de 40 para 35 horas semanais, que levou a um aumento de gastos no SNS.

“Não reconhecer os erros que se praticaram, nomeadamente o recuo para as 35 horas, que custou muito dinheiro a um sistema que já não tinha dinheiro. Muitas das novas transferências foram para pagar aquilo que já não se tinha de pagar, porque em acordo com os sindicatos nós tínhamos encontrado uma solução para que a oferta de trabalho cobrisse mais necessidades de produção. Claro que, agora, se teve de contratar mais gente, porque é preciso mais gente para fazer o mesmo trabalho.”


Para o antigo primeiro-ministro, “seria imperdoável” que fosse sempre a direita a tentar salvar a situação e a esquerda não aprenda com os seus próprios erros.

“Seria imperdoável que a esquerda, que diz que é uma espécie de ‘alma mater’ do SNS, o esteja a desqualificar desta maneira e seja a direita sempre a tentar ver se salva a situação e se consegue dar sustentabilidade ao Estado Social. Eu não me importo nada que seja a direita a fazê-lo, mas acho que é um paradoxo que a esquerda não aprenda com os próprios erros e não arrepie caminho como não tem mostrado vontade de arrepiar.”

A solução, diz Passos Coelho, é que as reformas se façam, ainda que em confronto. Alguém tem de enfrentar os problemas e, se for preciso, as reformas devem fazer-se em sem amplos consensos obrigatórios.

“Alguém tem de os enfrentar. Portanto, se o Governo em funções os não quer enfrentar, que venha um dia outro que os possa enfrentar e, se as reformas se tiverem de fazer em confronto, que se façam em confronto.”

Para Passos Coelho, é a democracia a funcionar. “Se estivéssemos de estar de acordo sempre, em tudo o que é essencial, e só tivéssemos de divergir no acessório também não era preciso fazer eleições nem mudar os governos”.

“Os governos mudam-se quando é preciso políticas que sejam verdadeiramente diferentes e, depois, cada um que assuma as suas responsabilidades. Foi assim que aconteceu quando o PSD fez aprovar a lei de bases da saúde, em 1990, e é assim agora com a proposta vitoriosa de 2019, voltando a desenterrar o espantalho da estatização e da proibição tendencial da convenção com o setor privado. É um mau caminho. Eu espero que o país possa arrepiar caminho nestas políticas para poder defender as pessoas e o próprio país”, conclui o antigo líder do PSD.

[notícia atualizada]

Comentários
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  • Bruno
    16 jun, 2021 aqui 22:10
    Este discurso agressivo não ganha eleições.
  • Maria Oliveira
    16 jun, 2021 Lisboa 20:43
    Passos Coelho tem razão. A inércia perante o descalabro da Seg. Social (porque vai ser um descalabro as pessoas receberam de pensão de reforma metade, ou menos, do ordenado) e do Serv. Nac. de Saúde vai ter nefastas consequências. Acresce que o SNS deve servir quem não pode recorrer a assistência clínica privada. De facto, não se compreende esta esquerda. Pagaremos cara a falta de reformas necessárias.

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