27 jun, 2021 - 20:01 • Lusa
O secretário-geral do PCP acusou este domingo, em Alpiarça, o Governo de "seguidismo" das decisões da Comissão Europeia que impedem o país "de ter acesso às vacinas de que precisa", pedindo "uma outra urgência e outro ritmo" na vacinação dos portugueses. .
Jerónimo de Sousa, que falava na apresentação dos candidatos da CDU às eleições autárquicas deste ano no distrito de Santarém, pediu que sejam criadas "as condições para acelerar" a vacinação contra o vírus que transmite a covid-19, frisando que os responsáveis pelo programa de vacinação reconhecem que esta "poderia ser o dobro ou o triplo, se houvesse vacinas".
Para o líder comunista, o "problema central" está na "teimosia" do Governo em continuar "a seguir as ordens da União Europeia, não permitindo o acesso a outras vacinas que a OMS [Organização Mundial da Saúde] já considerou boas".
Se não, disse, o coordenador do processo de vacinação não teria afirmado "que o programa está todo certo, mas não há vacinas".
Lamentando que não tenha sido aceite a proposta do PCP de "urgente diversificação da compra de vacinas", Jerónimo de Sousa pediu que sejam criadas "as condições para acelerar este processo", bem como que seja dada "outra dinâmica à testagem massiva, definindo critérios e prioridades rigorosas" e que se faça o "rastreio de todos os novos casos".
O secretário-geral do PCP sublinhou a importância da vacinação, nomadamente na "menor gravidade da doença" e na redução "muito significativa dos doentes internados em unidades de cuidados intensivos e enfermaria e também em número de óbitos", o que torna incompreensível que, em vez de garantir o aumento, se assista a uma redução e a prazos de fornecimento das vacinas "não cumpridos".
No seu discurso, em que referiu os desafios que se colocam nas próximas eleições autárquicas, num distrito em que a CDU gere dois municípios -- Alpiarça e Benavente -, Jerónimo de Sousa apontou o estudo que recentemente revelou o aumento do número de multimilionários -- mais 19.000 -, num período marcado pela pandemia e durante o qual o número de pobres aumentou em 400.000.
"Enquanto uns poucos arrecadam aos milhões mesmo em tempo de epidemia, vimos os trabalhadores confrontados com o aumento das práticas e pressões de desvalorização do trabalho, das profissões, dos salários, a promoção da desregulação dos horários, o aumento da chantagem com as ameaças de despedimentos coletivos, como se viu esta semana com a Altice", afirmou.
Elencando um conjunto de medidas adotadas por pressão do PCP, Jerónimo de Sousa lamentou que em muitas situações o Governo continue a "colocar entraves à concretização" de propostas do PCP inscritas no Orçamento do Estado, como é o caso das contratações de pessoal em áreas como a educação, forças de segurança, justiça e proteção civil.
"O PS e o seu Governo não se cansam de falar para a esquerda e até falar em seu nome, mas é com o PSD e o CDS e seus sucedâneos que contam para inviabilizar e rejeitar as propostas do PCP que dão conteúdo a uma efetiva política de esquerda", disse.
O líder comunista afirmou que o partido vai para as eleições autárquicas que se realizarão no final de setembro ou no início de outubro confiante num reforço eleitoral.