03 set, 2021 - 20:10 • Susana Madureira Martins
A semanas de arrancar a campanha oficial para as eleições autárquicas de 26 de setembro e quando já decorrem as negociações com o Governo sobre o Orçamento do Estado (OE), Jerónimo de Sousa coloca o PCP em jogo como peão essencial da vida política, dizendo mesmo que "não há força que substitua a luta, a ação e a proposta do PCP – Partido portador da alternativa patriótica e de esquerda".
Na intervenção de abertura de mais uma Festa do Avante, que irá decorrer até domingo na Quinta da Atalaia, no Seixal, o líder comunista deixou esta como uma das "duas grandes lições e ensinamentos" a retirar da pandemia, acrescentando que "nada substitui o valor do trabalho e dos trabalhadores e da sua luta" e também que "não há alternativa ao Serviço Nacional de Saúde, apesar de maltratado, subfinanciado e com profissionais não reconhecidos nos seus salários e nas suas carreiras", num rasgado elogio ao SNS.
Numa Festa do Avante que se realiza pelo segundo ano consecutivo em pandemia, Jerónimo insistiu na tese que o PCP vem articulando desde há ano e meio, ou seja, a de que houve uma "ofensiva premeditada, visando a não realização da Festa", premeditação essa "que "nada tinha a ver com preocupações com a saúde pública, mas antes procurar pôr em causa direitos políticos constitucionais".
Tal como já tinha feito há um ano, Jerónimo volta a falar do "clima de temor que atingiu centenas de milhar de portugueses" e, sem dizer quem, acusa: "Quase conseguiram que o medo de morrer se transformasse em medo de viver, com os confinamentos excessivos com consequências na saúde de muitos portugueses."
Nesta intervenção que não foi presencial e foi posta a circular nas diversas colunas de som espalhadas pelo recinto da Quinta da Atalaia, Jerónimo de Sousa refere que a pandemia serviu de "oportunidade para provocar mais desemprego, ataque a salários e horários, levar à ruína milhares de pequenos e médios empresários e agricultores, desencadearam um violento ataque ao Serviço Nacional de Saúde e os grupos económicos encetaram despedimentos coletivos".
E aqui, mais uma vez, o líder comunista a puxar pelos galões e a referir que foi a "ação do PCP" que travou ou impediu que "a situação fosse mais grave", a par do papel dos "profissionais de saúde, dos trabalhadores das autarquias, das forças de segurança, dos bombeiros, da proteção civil".
O secretário-geral do PCP a garantir que no partido foram "exigentes na tomada de todas as medidas necessárias no plano da proteção sanitária", demonstrando que o recinto da Festa é um espaço "seguro para todos os seus visitantes".
No final da curta intervenção Jerónimo de Sousa deixou palavras de incentivo "aos homens e mulheres da cultura, sector profissional profundamente fustigado pela epidemia, mas também confrontado com a ausência de medidas de apoio necessário para prosseguir a sua luta e ver concretizadas legítimas reivindicações".
Aos artistas que irão atuar ao longo dos três dias em que decorre a Festa do Avante o líder comunista pediu que "façam ouvir e ver a criatividade através da música, do teatro, do cinema, da arte nas suas diversas formas de expressão, dando sentido e dimensão à alegria de viver".
A Festa do Avante termina no domingo com a intervenção de encerramento de Jerónimo de Sousa no palco 25 de Abril em que, habitualmente, e durante mais de uma hora, o líder comunista estabelece diversas linhas de orientação política do partido, sobretudo tendo este ano como pano de fundo as eleições autárquicas de 26 de setembro e as negociações do OE.