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Autárquicas

Moreira reitera que nada ganhou com Selminho, opositores rejeitam trazer caso para debate

04 set, 2021 - 00:09 • Lusa

Tiago Barbosa Ribeiro, do PS, diz não se sentir esmagado pelas sondagens, que dão a vitória por maioria absoluta ao atual autarca.

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O candidato independente à Câmara do Porto, Rui Moreira, reiterou esta sexta-feira nada ter ganho no caso Selminho, pelo qual começa a ser julgado em novembro, afirmando ter um papel a desempenhar, tendo os opositores rejeitado trazer caso para debate.

No debate que juntou sete dos 11 candidatos à presidência da Câmara do Porto nas eleições autárquicas de 26 de setembro, o atual presidente da autarquia e recandidato a um terceiro mandato, sublinhou que foi na sua presidência que o terreno que estava registado em nome da imobiliária da sua família e da qual era sócio, voltou a ser propriedade da autarquia.

Questionado sobre a razão que levou a avançar com a sua recandidatura perante o clima de suspeição e uma eventual perda de mandato, o independente – apoiado nestas eleições pelo CDS e a Iniciativa Liberal – voltou a reiterar ter condições para desempenhar o cargo que desempenha, salientando que nada ganhou com o caso Selminho.

"O que é importante que as pessoas compreendam é que, repito, a minha família nada ganhou com isso, eu nada ganhei com isso, tínhamos um terreno que a minha família perdeu. A Câmara Municipal do Porto tratou do assunto como tinha de tratar, com as mesmas pessoas que anteriormente tratavam e, portanto, tenho a minha convicção que final esse assunto ficará resolvido", afirmou, acrescentando não se sentir diminuído nos seus direitos.

Moreira considera que ter "um papel a desempenhar na cidade do Porto", onde quer, entre outros objetivos, continuar a ver os projetos que iniciou terminados.

"Acredito que ainda tenho para dar á causa publica e, portanto, cá estarei", rematou.

Pelo PS, Tiago Barbosa Ribeiro recusou tratar o caso para o debate político, salientando que preza o princípio da separação de poderes.

Para o socialista, as divergências políticas que existem entre os dois candidatos são suficientes para marcar a diferença, sublinhou, afirmando não se sentir ensombrado pelas sondagens que apontam para uma maioria absoluta de Rui Moreira na autarquia portuense, nem insinuações que o seu nome foi uma segunda escolha.

Vladimiro Feliz, que lidera a candidatura do PSD àquela autarquia considera que foi Moreira a trazer o caso Selminho para a esfera pública e política, quando, por um lado, levantou suspeições sobre o momento do anúncio da candidatura do PSD que coincidiu com a pronúncia do Ministério Público.

Por outro lado, afirmou, ao convocar uma conferência de imprensa na Câmara do para se defender das acusações, nos termos em que convocou, o autarca tornou o caso político.

"Preocupa-me sim, (...) que o Dr. Rui Moreira tenha que a meio do mandato que ceder o se lugar ao seu número 2. E os portuenses têm de saber isto: que podem estar a votar no seu número 2", disse.

Pela CDU, que suscitou inicialmente o caso Selminho, Ilda Figueiredo criticou a forma "incorreta" como o autarca procedeu num "caso que interessava à sua família", mas referiu que neste momento este é um caso de justiça.

"A CDU considera que o tribunal é que se deve pronunciar, não somos nós quem vai julgar o que cabe ao tribunal julgar", declarou.

Sérgio Aires que encabeça a lista do Bloco de Esquerda, reiterou a posição que o partido assumiu desde o início, salientando que a posição assumida por Moreira "não preservou o interesse público".

Deixando claro que se estivesse no seu lugar, nunca de candidataria, Sérgio Aires, refere, contudo, que este é o momento da justiça.

Uma posição defendida também pela candidata do PAN, Bebiana Cunha, que considera, no entanto, que este assunto que suscitou "uma nuvem negra" sobre a gestão municipal deve fazer todos refletir.

Apenas com for concluída a parte judicial, entende, há condições para se tirar ilações.

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Já o candidato pela Chega, António Fonseca, não comentou o tema, aproveitando para esclarecer, quando questionado, porque saiu do Movimento Rui Moreira pelo qual foi eleito para a junta do Centro Histórico.

O autarca acusou Moreira de se "desligar" das freguesias e dos problemas reais.

O Tribunal de Instrução Criminal (TIC) do Porto decidiu, em 18 de maio, pronunciar (levar a julgamento) Rui Moreira, "nos exatos termos" da acusação do Ministério Público (MP) que imputa ao arguido o crime de prevaricação, defendendo a sua perda de mandato.

Na decisão instrutória, o TIC do Porto sustenta que é "solidamente previsível" que o presidente da autarquia portuense venha a ser condenado em julgamento no processo Selminho, onde é acusado de favorecer a imobiliária da família.

Durante o debate instrutório, realizado em 29 de abril, o advogado do autarca, Tiago Rodrigues Bastos sustentou que os autos "são filhos de uma imaginação, de um preconceito e de uma intenção, que não é aceitável", em alusão ao procurador do MP Nuno Serdoura.

A primeira sessão do julgamento do caso Selminho, processo em que Rui Moreira é acusado de alegadamente favorecer a imobiliária da família, da qual era sócio, em detrimento da autarquia, está marcado para 16 de novembro.

Concorrem à Câmara do Porto, Rui Moreira (movimento independente "Rui Moreira: Aqui há Porto"), Tiago Barbosa Ribeiro (PS), Vladimiro feliz (PSD), Ilda Figueiredo (CDU), Sérgio Aires (BE), Bebiana Cunha (PAN), António Fonseca (Chega), Diogo Araújo Dantas (PPM), André Eira (Volt Portugal), Bruno Rebelo (Ergue-te), Diamantino Raposinho (Livre).

A Câmara do Porto é liderada por Rui Moreira, cujo movimento elegeu sete mandatos nas autárquicas de 2017, aos quais se somam quatro eleitos do PS, um do PSD e um da CDU.

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