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Cavaco Silva. “Inclino-me perante a memória do Presidente Jorge Sampaio”

10 set, 2021 - 12:01 • Ricardo Vieira

Morte de Jorge Sampaio é um tempo de "profunda tristeza nacional", afirma Cavaco Silva.

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A morte de Jorge Sampaio é um “tempo de profunda tristeza nacional”, afirma Cavaco Silva, que se “inclina” perante a memória do antigo Presidente da República que morreu esta sexta-feira, aos 81 anos.

“O povo português tem todas as razões para admirar e honrar o Presidente Jorge Sampaio. Serviu Portugal com grande patriotismo, grande sentido de Estado, sentido do interesse público”, disse o ex-chefe de Estado, numa declaração aos jornalistas.

“Hoje, este momento, é um tempo de profunda, profunda, tristeza nacional. Eu inclino-me perante a memória do Presidente Jorge Sampaio”, declarou Cavaco Silva, que recebeu a notícia "com profunda consternação" e endereça à família "profundas condolências e uma palavra de conforto neste momento tão difícil".

Cavaco Silva recorda que nalgumas ocasiões foram "adversários políticos", mas mantivera "sempre boas relações, relações cordiais, de respeito mútuo".


Jorge Sampaio. Da luta política à defesa dos direitos humanos
Jorge Sampaio. Da luta política à defesa dos direitos humanos

"Foram múltiplas as reuniões que tivemos para falar sobre os problemas no nosso país. Recordo o trabalho profícuo que realizámos quando se tratou de implementar um plano para a erradicação das barracas no concelho de Lisboa, tal como recordo a sua colaboração inexcedível com que me recebeu depois das eleições de 2006, quando o substitui como Presidente da República", sublinha.

Cavaco Silva lembra Jorge Sampaio como um "homem de causas que serviu Portugal com grande sabedoria e dedicação" nos vários e importantes cargos que exerceu: Presidente da República, presidente da Câmara de Lisboa, e nos cargos internacionais na Aliança das Civilizações e enviado para a luta contra a tuberculose.

O antigo Presidente recorda, também, que "Sampaio dedicou muito do seu tempo a causa de Timor. A defesa dos interesses do povo de Timor".

"E uma das suas últimas causas mostra bem a sua visão humanista: apoiar os estudantes que foram atingidos pela guerra e terrorismo nos seus países para trazê-los para Portugal para completar os estudos do ensino superior", sublinha Cavaco Silva.


O antigo Presidente da República Jorge Sampaio morreu hoje aos 81 anos, no hospital de Santa Cruz, em Lisboa.

Antes do 25 de Abril de 1974, foi um dos protagonistas da crise académica do princípio dos anos 60, que gerou um longo e generalizado movimento de contestação estudantil ao Estado Novo, tendo, como advogado, defendido presos políticos durante a ditadura.

Jorge Sampaio foi secretário-geral do PS (1989-1992), presidente da Câmara Municipal de Lisboa (1990-1995) e Presidente da República (1996 e 2006).

Após a passagem pela Presidência da República, foi nomeado em 2006 pelo secretário-geral da Organização das Nações Unidas enviado especial para a Luta contra a Tuberculose e, entre 2007 e 2013, foi alto representante da ONU para a Aliança das Civilizações.

Durante o seu segundo mandato, em 2003, organizou a primeira reunião do "Grupo de Arraiolos", constituído por chefes de Estado da UE sem funções executivas.

Atualmente presidia à Plataforma Global para os Estudantes Sírios, fundada por si em 2013 com o objetivo de contribuir para dar resposta à emergência académica que o conflito na Síria criara, deixando milhares de jovens sem acesso à educação.

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