23 set, 2021 - 06:33 • Manuela Pires
Foi o rosto do PSD no combate à pandemia da Covid-19. O médico e deputado Ricardo Baptista Leite assumiu a oposição ao Governo quando exigiu a antecipação das medidas de contenção para combater a doença. Foi autarca em Cascais onde chegou a ser, por um curto período de tempo, vice-presidente da câmara liderada por Carlos Carreiras.
Desta vez chegou a ser apontado para Lisboa e para a Amadora, mas Ricardo Baptista Leite acabou como candidato do PSD à Câmara de Sintra. O nome do deputado não foi consensual nas estruturas locais, a concelhia chegou mesmo a aprovar um candidato e só à terceira tentativa conseguiu aprovar as listas de candidatos.
Para este militante do PSD há 21 anos era preciso sair da “bolha dos partidos” e, por isso, procurou candidatos na maior rede social profissional, o Linkedin.
“Tenho muito orgulho no processo de formação de listas, porque conseguiu trazer muita gente que nunca tinha participado numas eleições”, revela Ricardo Baptista Leite, em entrevista à Renascença.
A candidata à Junta de Freguesia de Vale de Cambra, Sónia Torrinha, foi escolhida através desta ferramenta. “Utilizei o Linkedin, entrevistei as pessoas como se fosse para uma entrevista de trabalho e encontrei pessoas extraordinárias”, conta o candidato à Câmara de Sintra.
Acusado pelo principal adversário de não ter qualquer ligação ao concelho, Ricardo Baptista Leite diz que começou a sua carreira como médico no Hospital Amadora-Sintra e conhece bem um concelho que considera ter “estagnado no tempo e de ser o mais atrasado da Área Metropolitana de Lisboa”.
Como trunfo tem como candidato à assembleia municipal António Capucho, o antigo presidente da Câmara de Cascais que foi expulso do PSD por ter concorrido, em 2013, a Sintra numa lista independente liderada por Marco Almeida.
Ricardo Baptista Leite é o rosto de uma coligação de sete partidos, onde está o PSD, CDS, PPM, MPT, Aliança, RIR e PDR, que escolheu como lema “Vamos Curar Sintra”.
O candidato já fez o diagnóstico e como tratamento promete acabar com as listas de espera de consultas e cirurgias e garantir um médico para todos. “Mais de 100 mil pessoas não têm médico de família e, enquanto o Governo central não conseguir resolver este grave problema, a câmara disponibiliza financiamento para um médico assistente”, revela em entrevista à Renascença.
Questionado sobre se o novo hospital, que estará em funcionamento em 2024, não irá ajudar a resolver muitos destes problemas, Ricardo Baptista Leite é categórico: “não responde às necessidades efetivas do concelho, porque estamos a falar de um hospital que vai ter apenas 60 camas, sem um serviço de obstetrícia e ginecologia, nem oncologia”, argumenta o médico candidato.
A Câmara de Sintra vai investir 50 milhões de euros no novo hospital, que começou agora ser construído, e deve estar a funcionar em janeiro de 2024. É uma das bandeiras deste mandato de Basílio Horta, que não percebe as críticas do candidato do PSD.
“Só por uma profunda ignorância ou mentira pode fazer essa afirmação”, responde o presidente da câmara, questionado pela Renascença, que lembra que os vereadores do PSD votaram a favor do projeto que nasceu para ser complementar aos restantes hospitais centrais que há na região. E as 60 camas, que podem passar a 120 com dinheiros do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), “são para cuidados continuados que não existem aqui”, explica Basílio Horta.
A campanha em Sintra entre estes dois candidatos fica marcada pela acesa troca de palavras. Ricardo Baptista Leite tem um cartaz onde acusa o candidato do PS de fugir das pessoas e dos debates, Basílio Horta responde na Renascença que o deputado do PSD “chegou aqui há um mês e não tem uma ideia para o concelho”.
Mas a troca de acusações entre as duas candidaturas não se fica pela saúde, continua também noutras áreas como a segurança ou os transportes. Em entrevista à Renascença, Basílio Horta aponta a obra feita nestes oito anos, na saúde, na requalificação das escolas, nos espaços verdes e, por isso, chegou agora a vez de apostar na habitação.
O candidato do Partido Socialista promete construir perto de 1.800 novas casas, uma parte é financiada pelo Instituto de Habitação e Reabilitação Urbana (IHRU), o restante será do PRR.
“A minha ideia é não gastarmos nada, porque já nos candidatámos ao PRR, e espero que cubra uma grande parte do financiamento”, concretiza Basílio Horta, que adianta que as casas novas vão ser para renda acessível, habitação jovem e para habitação social.
Há quatro anos Basílio Horta conseguiu a maioria absoluta para o Partido Socialista, com 43% dos votos, e acredita que tem tudo preparado para o futuro. Por isso, merece renovar a maioria absoluta, almeja o autarca recandidato.
Principal adversário nas eleições de domingo, Ricardo Baptista Leite garante que, qualquer que seja o resultado, vai ficar na câmara e cumprir o mandato até ao fim. Há quatro anos o PSD, em coligação com mais três partidos, teve 29% dos votos e elegeu quatro vereadores.
O concelho de Sintra é o segundo maior do país em termos de população, com 386 mil habitantes.
Concorrem a estas eleições, além de Basílio Horta e Ricardo Baptista Leite, Pedro Ventura pela CDU; Bruno Góis do Bloco de Esquerda; Guilherme Leite pelo Nós, Cidadãos; Miguel Santos pelo PAN; Nuno Afonso do Chega e Paulo Carmona pela Iniciativa Liberal.