23 set, 2021 - 01:30 • Lusa
O bloquista Francisco Louçã lembrou hoje que o Estado detém 7% da Galp e desejou que o primeiro-ministro desse, de facto, uma “grande lição” à empresa, que não fosse apenas ficar “aborrecido” com o seu comportamento.
“Apareceu nos últimos dias esta curiosidade de um primeiro-ministro que disse que ia dar uma grande lição a uma grande empresa. Eu gostava que assim fosse. Porque as grandes empresas precisam de saber que há regras em Portugal”, disse Louçã, durante uma ação de campanha da candidatura do Bloco de Esquerda a Santarém nas eleições autárquicas de domingo.
Louçã frisou que a empresa que decidiu fazer um despedimento coletivo de 140 trabalhadores, ao encerrar a sua unidade em Matosinhos, é a mesma que, nos últimos dez anos, fez quase cinco mil milhões de euros de lucros líquidos e que distribuiu quatro mil milhões de euros em dividendos aos acionistas, 500 milhões só em 2020.
“Mas o primeiro-ministro disse ‘vou-lhes dar uma lição’. A lição foi dizer ‘façam o que quiserem’. A lição é dizer que ‘fiquei aborrecido’. Só que, reparem, o primeiro-ministro é acionista da Galp. Para ser exato, o Estado é acionista da Galp. Tem sete por cento”, disse.
Autárquicas 2021
António Costa reconheceu que é necessário fazer um(...)
“Não era curioso saber o que é que estes sete por cento, que é um peso importante na empresa, disseram nas reuniões do conselho de administração, nas assembleias de acionistas? Porque é fácil dizer à opinião pública ‘agora vou dar uma lição’, mas a lição era que o emprego tem que ser mantido, que a estratégia da empresa tem que proteger os trabalhadores, que têm que responder à sua cidade, têm que responder ao desenvolvimento do país. Essa era a lição que era precisa”, acrescentou.
Falando no final de uma ação em que a candidatura do Bloco de Esquerda convidou os escalabitanos a dançar, para mostrar que a política se faz com participação e alegria, Louçã afirmou que a campanha para as autárquicas de domingo foi, de modo geral, “estranha”, debatendo apenas questões nacionais.
“Aliás, o Partido Socialista não fez campanha. O governo fez campanha”, disse, referindo os anúncios feitos por António Costa sobre a distribuição dos milhões dos acordos com Bruxelas para promessas feitas “há cinco anos, há dez anos e há 15 anos”, numa “espécie de euromilhões”.