29 set, 2021 - 17:20 • Susana Madureira Martins , com redação
O Bloco de Esquerda (BE) defende que há responsáveis diretos no sistema judicial no caso da fuga do ex-banqueiro João Rendeiro. A deputada Mariana Mortágua pede uma investigação em torno deste caso.
“O que estava a fazer em Londres um homem duas vezes condenado por crimes económicos, a poucos dias da sua terceira condenação?”, começou por perguntar Mariana Mortágua.
A deputada bloquista pergunta, também, “como é possível ter-se excluído o risco de fuga num caso como este”.
Mariana Mortágua considera que a decisão do juiz de “conceder a João Rendeiro uma medida de coação que é uma tácita autorização de fuga a um criminoso condenado”.
Na sequência deste caso de João Rendeiro, a deputada do PSD, Mónica Quintela, desafia os partidos de esquerda para uma reforma da justiça.
“A fuga de Rendeiro faz entrar pelos olhos dentro como é tão premente que se reforme a Justiça. Está o Bloco de Esquerda disponível para entrar nesta empreitada ou vai continuar colada ao Governo?”, desafiou Mónica Quintela.
Banqueiro não vai voltar a Portugal para cumprir a(...)
Mariana Mortágua, do Bloco de Esquerda, respondeu que depende da reforma de justiça que se quiser fazer.
A vice-presidente da bancada do PS, Constança Urbano de Sousa, diz que não é a reforma de justiça que o PSD defende que vai resolver alguma coisa.
“É um escândalo que o senhor Rendeiro, tal como foi no passado que outros senhores tenham fugido à justiça, tal como Vale e Azevedo do Benfica. Acredito que não é essa reforma da justiça de que [o PSD] tanto fala que vai resolver um problema como este, a fuga de um criminoso condenado, com sentença transitada em julgado. Há responsabilidades a apurar”, defende a antiga ministra da Administração Interna.
Quanto aos restantes partidos de direita, CDS, Iniciativa Liberal ou Chega mantiveram-se em silêncio sobre esta questão.
A justiça portuguesa emitiu esta quarta-feira um mandado de captura internacional para João Rendeiro. O antigo banqueiro, que está condenado a 19 anos de prisão em vários casos, fugiu do país.
O antigo homem forte do Banco Privado Português (BPP) foi condenado, na terça-feira, a três anos e seis meses de prisão efetiva, por burla qualificada.
Anteriormente, já tinha sido condenado a 10 anos e a cinco, noutros casos relacionados com a sua atividade do extinto BPP e aguardava que as decisões transitassem em julgado.