14 out, 2021 - 18:04 • Susana Madureira Martins
Depois da pressão do Presidente da República sobre as consequências de um eventual chumbo do Orçamento do Estado para 2022 (OE2022), que "poderiam levar" a legislativas antecipadas, o primeiro-ministro vem garantir que o atual "ciclo político não acabou" e que os portugueses não querem que acabe na convocação de eleições.
Na reunião com os deputados do PS no parlamento e à porta fechada, António Costa fez questão de defender que, se esse cenário viesse a confirmar-se, ou seja, um chumbo do OE e eleições antecipadas, a composição parlamentar não iria alterar-se substancialmente.
Segundo fontes presentes na reunião disseram à Renascença, António Costa referiu mesmo que o PS "nunca" irá quebrar o atual ciclo político e que quem o fizer "não terá o voto dos portugueses", sem, porém, nomear qualquer partido à esquerda, seja PCP ou Bloco de Esquerda.
Aos deputados, Costa garantiu ainda que o Governo dialogou com os habituais parceiros à esquerda para preparar o OE e continua de "porta aberta", dando outra garantia, a de que "a porta é para contar com os dois", com comunistas e bloquistas e que a negociação se mantém bilateral.
"Não se trata de ceder nos princípios", defende o (...)
O líder socialista não fez qualquer leitura política sobre a posição do PCP ou do BE em relação à proposta de OE que deu entrada no Parlamento, de que, tal como está, chumbariam o documento.
Mas António Costa reforçou o sinal de que o PS conta com ambos "no mesmo barco", alertando para o risco de a direita capitalizar com o eventual chumbo do texto.
Continuando nesta linha de raciocínio, Costa terá ainda alertado para outro risco: o de cada partido à esquerda do PS estar à espera da posição do parceiro do lado sobre o OE, com o aviso de que é preciso fazer um esforço conjunto e todos contribuírem para no final não haver surpresas, falando ainda na "maturidade" que é necessária para manter um caminho à esquerda.
Tudo isto depois de na intervenção à porta aberta e com a presença dos jornalistas António Costa ter falado da "humildade" com que o partido e o Governo têm de apresentar-se nas negociações com os parceiros, tendo sempre em conta que o PS não tem maioria parlamentar para aprovar o Orçamento.
Uma proposta que o primeiro-ministro pretende que se centre na recuperação do país, tendo sempre em vista o equilíbrio financeiro, referindo na sessão à porta fechada que o PS foi o partido que recuperou as contas públicas e que esse é um capital que os socialistas querem manter.
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Aos deputados, Costa referiu ainda que este é um Orçamento "para o país" e não para a direita ou para a esquerda, e terá mesmo reforçado essa ideia ao defender que "não vale a pena ter um OE aprovado com o peso na consciência de que não é bom para o país".
Sobre as declarações do Presidente da República desta quarta-feira, em que Marcelo Rebelo de Sousa fez vários avisos sobre as consequências que um OE chumbado teria, nem uma palavra de António Costa, nem à porta aberta nem à porta fechada.
A deputada Isabel Moreira foi a única a manifestar-se na reunião, referindo que se tratou de "uma intervenção muito clarificadora" e uma "excelente aula de Direito Constitucional".