14 out, 2021 - 17:55 • Lusa
A ministra da Saúde, Marta Temido, defendeu esta quinta-feira que, debatendo com "maior profundidade" o Orçamento do Estado para 2022 (OE2022) com as várias classes profissionais, muitas das razões que as levaram a marcar greves ficarão resolvidas.
"Temos a expectativa de que explicando ao longo dos próximos tempos com maior profundidade as soluções que o Orçamento do Estado para 2022 traz e, naturalmente, esperamos que também no processo parlamentar ele possa ainda ser robustecido, estas questões fiquem ultrapassadas", afirmou Marta Temido à margem do Congresso Nacional de Saúde Materno-infantil, no Porto.
Após a apresentação do OE2022, médicos, enfermeiros, técnicos de emergência e farmacêuticos anunciaram greves para outubro e novembro.
A titular da pasta da Saúde referiu que os anúncios das greves trazem três níveis de preocupação, o primeiro dos quais a resposta que é dada às pessoas, nomeadamente o que pode ser posto em causa em termos de atividade assistencial.
O segundo, ressalvou, está relacionado com a motivação dos profissionais de saúde e a forma como estes veem a sua relação de trabalho.
Marta Temido apontou ainda a sustentabilidade do Serviço Nacional de Saúde (SNS), lembrando que essa não é sempre garantida, sendo por isso necessário ter cuidado com as escolhas em cada momento.
Sobre o momento em que as greves das diferentes classes são anunciadas, a ministra da Saúde lembrou que o país atravessou um período especial com a pandemia de covid-19 e que, durante esse tempo, os profissionais de saúde não reclamaram muitas das questões que indicam como problemas que se arrastam há longos anos.
"Portanto, neste momento, é natural que esses problemas venham outra vez para cima da mesa e nós cá estamos para os resolver", afirmou.
A Ordem dos Médicos (OM) avisa que há especialidades em que mais de metade dos profissionais trabalham no privado e afirma que podiam colmatar as falhas do Serviço Nacional de Saúde (SNS).
À Renascença, o bastonário da OM diz que os números apresentados provam que "é mentira que haja uma falta de médicos".
Miguel Guimarães diz que o SNS não é atrativo para os médicos, porque "não lhes oferecesse condições de trabalho e de dignidade e de respeito".