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OE 2022

César acusa BE e PCP de estarem centrados "no derrube do Governo e no termo da Legislatura"

21 out, 2021 - 11:01 • Susana Madureira Martins

O presidente do PS garante que o partido mantém "humildade na negociação, ainda em curso", mas critica os parceiros parlamentares do Governo por colocarem a legislação laboral nas negociações do Orçamento do Estado de 2022, que considera ser "um problema, que só noutra ocasião e contexto pode ser colocado e apreciado".

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Na véspera de uma reunião decisiva da comissão política do PS, que no fundo vai definir a posição do partido nas negociações do Orçamento do Estado para 2022 que será votado na generalidade na próxima semana, o presidente socialista vem a terreiro fazer duras críticas aos parceiros parlamentares - Bloco de Esquerda e PCP - por colocarem a legislação laboral na mesa das negociações.

Carlos César, numa publicação na rede social Facebook acena mesmo com o fantasma das eleições legislativas antecipadas, referindo que "quem quer colocar um problema, que só noutra ocasião e contexto pode ser colocado e apreciado, não está centrado na discussão e aprovação do Orçamento de que Portugal tanto precisa, mas sim na sua desaprovação e ou na censura e no derrube do Governo e no termo da Legislatura".

O presidente do PS escreve que até compreende "a discussão sobre a natureza e dimensão da despesa orçamental, ainda que com limites e equilíbrios menos rígidos", mas não vê "como se possa avaliar um Orçamento por aquilo que não depende dele nem dele pode constar", sendo o caso da "legislação laboral, que BE e PCP têm colocado à cabeça de todas as negociações que têm ocorrido".

Assim, o PS diz preto no branco que o que queria era ver este assunto discutido noutra altura que não a época orçamental, com César a desabafar que "veria, sim, como útil e legitimo, que esses partidos, em devido tempo, insistissem em discutir esses e outros aspetos, e, tal como o PS também entende, chegarem a acordo para melhorar muitos dos seus constrangimentos ou então divergir sobre isso".

“Portugal não é um negócio entre partidos! Portugal é a nossa missão!"

Na publicação intitulada "Portugal não é um negócio entre partidos! Portugal é a nossa missão!", César começa por usar uma expressão que tem sido repetida pelo líder socialista António Costa em reuniões internas do partido: "humildade".

Não tendo maioria parlamentar, há da parte do PS "compreensão e humildade na negociação, ainda em curso, para a aprovação do OE", com César a acrescentar que essa "tem sido a posição do PS. Como nos anos anteriores". Mas há sempre um mas.

Logo à frente no texto o dirigente socialista escreve que "tudo isso não deve significar abdicar do sentido de responsabilidade que um partido, com a dimensão e a contribuição histórica do PS", rematando com um "pensar que ao Governo e ao PS tudo pode ser exigido, e que tudo estes devem aceitar, é, isso sim, uma postura política de incompreensão e de arrogância".

Ao Bloco de Esquerda e ao PCP, Carlos César pede ainda que no "processo negocial" estes partidos devem "dizer mais claramente aos portugueses o que os move", ou seja, se "derrubam o Governo e dão uma oportunidade à direita, ou se, pelo contrário, procuram construir consensos que afirmem à esquerda a governação do país".

De resto, esta tese de que BE e PCP podem estar a estender a passadeira à direita e ao centro de direita continua mais à frente, com o presidente do PS a dizer que não percebe "se, afinal, se sentem melhor a fazer oposição a um Governo de direita do que a fazer acordos com um Governo de esquerda".

E essa tese continua, com César a referir que "ao PS, compete continuar a dialogar e, naturalmente, a contemporizar no que ajude a negociação", mas faz a ressalva: esse dever existe "procurando manter a estabilidade política", acrescentando que "em qualquer caso" o PS terá "sempre o dever de continuar a governar com as condições que estiverem propiciadas".

Orçamento do Estado aprovado ou o caos das eleições legislativas antecipadas

O dirigente socialista vai mesmo buscar a posição de Marcelo Rebelo de Sousa para dizer que "era melhor para Portugal evitar que, como anunciou o Presidente da República, seja desencadeado agora um processo eleitoral antecipado, que prejudicará fortemente a execução adequada dos vultuosíssimos investimentos que o PRR proporciona e que fará com que o rigor que isso exige seja substituído pela agitação e a precariedade que o tempo eleitoral gerará".

Os socialistas comprometem-se a "continuar a dialogar e, naturalmente, a contemporizar no que ajude a negociação e não desajude o país", com César a dizer que esse é mesmo o "dever" do partido "procurando manter a estabilidade política", acrescentando que há mesmo o "dever de continuar a governar com as condições que estiverem propiciadas", ou seja, mesmo que o Parlamento seja dissolvido é preciso que alguém faça a gestão do país até novas eleições. E o PS lá estará, lê-se nas entrelinhas.

A escolha para o PS é simples: ou fica como está, mais o Orçamento do Estado aprovado, ou instala-se o caos das eleições legislativas antecipadas agitando ainda o fantasma da crise somada a mais crise sem "contas certas".

"Portugal não é um negócio entre partidos"

Em defesa da proposta de Orçamento do Estado que deu entrada no Parlamento, César diz que o texto "reflete, uma vez mais, um esforço assinalável de robustecimento dos meios e da resposta dos serviços públicos, especialmente do SNS, preocupa-se com os jovens, os rendimentos das famílias e a classe média; apoia fortemente a economia e as empresas através de medidas concretas e dos financiamentos do PRR" e "cuida" daquilo que o partido tem vindo a sintetizar como 'contas certas'.

Costa também tem repetido a dificuldade deste equilíbrio de responder às reivindicações dos parceiros parlamentares e ao mesmo tempo ter finanças públicas sólidas que César vem repetir nesta publicação ser "indispensável" para não se entrar "numa espiral de descrédito externo e de dificuldades incontornáveis de financiamento" dos orçamentos.

O dirigente socialista chega mesmo a escrever que não vê "como se possa trair esses objetivos nos conteúdos do OE" e que os entende como "inseparáveis do único caminho certo que Portugal tem ao seu alcance para não se desestruturar socialmente, para não estagnar, perder empregos ou ver os investidores recuarem, ou para não tornar ingeríveis os recursos financeiros ao dispor do País".

E segue novo apelo aos parceiros. Contributos de valor e que "podem ser acolhidos" são "todas as propostas, designadamente dos partidos que têm viabilizado os orçamentos desde 2015, que melhorem a realização dessas orientações, e que, não as desequilibrando, não as prejudiquem no seu conjunto".

Num remate final, o presidente do PS atira um "estamos confiantes", repetindo que "Portugal não é um negócio entre partidos", mas "uma missão", que o PS quer "que seja bem sucedida".

Comentários
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  • Monteiro
    21 out, 2021 Guarda 13:02
    A este César é oportuno dizer: " Por que não te calas!"

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