24 out, 2021 - 19:35 • Lusa
O Governo afirmou hoje que entendeu o anúncio de voto contra por parte do BE como "uma posição definitiva", remetendo eventuais novas negociações com este partido para a fase da especialidade do Orçamento do Estado.
O Bloco de Esquerda anunciou hoje que votará contra a proposta do Orçamento do Estado para 2022 se não existirem aproximações do Governo às propostas do partido até à votação na generalidade, marcada para quarta-feira, e o Governo, em conferência de imprensa que se estendeu por quase uma hora, lamentou esta posição e disse não se rever na versão do partido sobre o conteúdo do documento e o processo negocial.
Questionado por diversas vezes se o Governo está disponível para novos encontros com o Bloco até quarta-feira, o secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares, Duarte Cordeiro, disse ter entendido o anúncio do BE como "uma posição definitiva", lamentando que o partido se tenha "fechado" em nove propostas.
O secretário dos Assuntos Parlamentares Duarte Cor(...)
"O Governo entende que procurou, de boa-fé e de forma construtiva, tentar aproximações a estas propostas, e tem pedido uma avaliação para lá delas, tendo em conta os outros passos dados pelo Governo. Se nos limitarmos às nove questões, torna-se difícil resolver este impasse, não vale a pena estarmos aqui com retórica", afirmou, considerando que é o Bloco que pode fazer "uma reavaliação" da sua posição.
Por outro lado, o governante salientou que o processo orçamental "é longo".
"Não precisamos de ficar com a ansiedade de resolver tudo até quarta-feira", afirmou, dizendo que o BE "pode sempre tomar uma posição no fim", referindo-se, de forma implícita, à votação final global.
Questionado se o Governo tem um plano B, caso PCP e PAN também anunciem na segunda-feira um voto contra (o que ditaria o "chumbo" do documento já na generalidade), Duarte Cordeiro respondeu que "o Governo não trabalha sobre cenários".
"Nesta fase, estamos totalmente focados num entendimento para viabilizar o Orçamento do Estado", disse.
O secretário de Estado apelou aos partidos que tenham em conta o momento do país, após uma crise causada por uma pandemia, e o facto de o Governo procurar responder às propostas de várias forças políticas "em simultâneo", considerando que foi mais longe que em nenhum outro Orçamento.
OE2022
"Se o Governo insistir em impor recusas onde a esq(...)
"É particularmente evidente que não há vontade nenhuma dos portugueses de uma crise e que os portugueses entendem que este Orçamento deve ser viabilizado, apelamos q que os partidos tenham em consideração o momento que estamos a viver", salientou.
Duarte Cordeiro defendeu ainda que as medidas aprovadas pelo Conselho de Ministros na semana passada - na área da legislação laboral, do Serviço Nacional de Saúde e da Cultura - "só podem ser viabilizadas à esquerda".
"Estas matérias deveriam ser entendidas como sinais de aproximação do Governo", considerou.
Ao longo da conferência de imprensa, o secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares sinalizou, ponto a ponto, quais as matérias em que o Governo considera ter feito aproximações às propostas do BE (em sete das nove) e referiu que ouviu, na intervenção da coordenadora Catarina Martins, outros temas sobre os quais "nunca houve propostas concretas".