26 out, 2021 - 23:11 • João Malheiro
O antigo deputado do PSD Madeira Guilherme Silva considera que "não há condições" para que os deputados madeirenses viabilizem o Orçamento do Estado para 2022 (OE2022).
O presidente do governo regional da Madeira, Miguel Albuquerque, deixou duras críticas à proposta de OE2022, mas abriu a porta a negociações com o Governo, apesar de o PSD já ter anunciado o voto contra.
Guilherme Silva, enquanto vice-presidente da
bancada parlamentar do PSD, em 2014, chegou a divergir da orientação de voto do
partido, na altura liderado por Pedro Passos Coelho e votou contra o Orçamento do Estado para 2015, proposto pelo Governo de coligação entre PSD e CDS.
À Renascença, o social-democrata recorda, precisamente, esse exemplo para explicar que, agora, o momento é outro, e não acredita que o PSD Madeira não siga o sentido de voto proposto por Rui Rio.
"Não me parece que nesta ocasião isso possa acontecer. Na altura, houve condições muito específicas, articuladas com o então presidente do PSD Madeira, Alberto João Jardim", afirma.
Guilherme Silva avisa, ainda, que o tempo é escasso e que "seria difícil" fazer negociações tão concretas neste curto espaço de tempo.
Questionado sobre a informação avançada pela Renascença de que Marcelo Rebelo de Sousa estaria em contactos com deputados do PSD Madeira, o antigo vice-presidente da bancada parlamentar disse "não ter conhecimento, nem acreditar" que essas diligências tenham acontecido.
Rui Rio também admitiu não ter conhecimento de contactos entre deputados e o Presidente da República.
"A liderança de Rui Rio não sai prejudicada, porque não aconteceram e o PSD Madeira deve votar contra o OE", aponta Guilherme Silva, à Renascença.
O antigo deputado social-democrata considera que o PSD Madeira deve, também, ponderar se o cenário de eleições antecipadas não seria mais benéfico para o partido e para a Madeira, do que concessões ao Governo socialista.
"As promessas do Governo para a Madeira não têm sido de confiança e, por isso, o partido deve ter em conta essas contrapartidas, num cenário em que a Direita se pode reforçar", pensa.
Guilherme Silva diz mesmo que "o mais provável" é que o OE2022 seja chumbado, até porque o Parlamento está com "um quadro muito difícil para que ele seja viabilizado".
O social-democrata caracteriza as eleições internas do PSD como "um obstáculo" em contexto eleitoral, mas que pode ser ultrapassado sem ter de adiar as diretas.
"E pode dar força ao PSD, que já vem das eleições autárquicas, para que consiga obter uma maioria para formação de Governo", antecipa, à Renascença