02 nov, 2021 - 14:47 • Lusa
O ministro da Infraestruturas e da Habitação, Pedro Nuno Santos, afirmou hoje que o entendimento parlamentar à esquerda que sustentou o Governo PS nos últimos seis anos funcionou e "não foi um parêntesis" na democracia portuguesa.
"O entendimento à esquerda não foi um parêntesis na história da democracia portuguesa e a direita tem se habituar a isso", afirmou o ministro das Infraestruturas, em Vila Real de Santo António, à margem da assinatura do contrato de consignação da obra de eletrificação da linha ferroviária do Algarve entre Faro e essa cidade algarvia.
Pedro Nuno Santos considerou que o país tem de "viver com mais naturalidade com momentos como este", referindo-se à reprovação do Orçamento do Estado para 2022 e à consequência anunciada pelo Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, de que iria dissolver a Assembleia da República e convocar eleições legislativas antecipadas.
O governante deu como exemplos outros países da Europa que também realizaram processos eleitorais e podem levar meses a constituir um novo Governo, como a Holanda ou a Alemanha, e defendeu o trabalho realizado ao longo dos últimos seis anos pelo executivo socialista, que apenas durou menos tempo, na democracia portuguesa, que aquele liderado por Aníbal Cavaco Silva.
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Pedro Nuno Santos considerou que as "eleições fazem parte da democracia" e é, por isso, necessário "conviver com naturalidade com estes momentos" em que as legislativas podem ser antecipadas.
"A única coisa que eu sei é que temos ouvido muitas afirmações, normalmente de quem se posiciona à direita - e é importante também referir isso, porque isso tem uma lógica - , de como se o fim desta solução provasse que ela não funciona. E a verdade é que ela durou seis anos", afirmou o ministro das Infraestruturas.
Pedro Nuno Santos destacou que o atual Governo socialista, chefiado por António Costa, teve "a segunda maior duração de sempre de um Governo em Portugal" e que o país só teve "uma Governação que durou mais de seis anos, que foi aquela que foi liderada por Cavaco Silva".
"Portanto, se alguma coisa estes seis anos provaram, é que a solução [à esquerda] funciona. E não só funciona pelo tempo que durou, mas funciona pelos resultados que proporcionou ao país", sustentou, refutando a ideia passada pela direita de que o executivo apoiado pelo Partido Comunista Português e pelo Bloco de Esquerda provocou "muito do despesismo".
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Pedro Nuno Santos justificou a sua posição considerando que, com este Governo, o país "conseguiu um excedente orçamental antes da pandemia, conseguiu reduzir a dívida pública em percentagem do PIB [Produto Interno Bruto] antes da pandemia", que obrigou, frisou, "o Mundo inteiro a aumentar a despesa pública".
"Portanto, nós tivemos um Governo que conseguiu recuperar rendimentos, investir no estado social e diminuir a dívida pública", afirmou Pedro Nuno Santos, classificado ainda como "um resultado extraordinário" um "Governo apoiado pelo Partido Comunista Português e pelo Bloco de Esquerda" ter conseguido "uma taxa de juro inferior à de Itália e à de Espanha".
Para o ministro, esta foi uma "solução" que "funcionou pelo tempo, que foram seis anos, e funcionou pelos resultados".
"Eu sei que isto incomoda muito a direita portuguesa. Mas vão ter de se habituar porque ela não foi um parêntesis na história da democracia portuguesa", afirmou, reiterando que "não foi um parêntesis, isso podem ter a certeza", ao ser questionado se a solução poderia repetir-se após as eleições legislativas que, a maioria dos partidos políticos, gostariam de ver realiza-se em meados de janeiro.