26 nov, 2021 - 18:23 • Susana Madureira Martins
Tratou-se de uma sessão ordinária do Conselho de Defesa Nacional, numa reunião por videoconferência presidida pelo Presidente da República e que teve como objectivo, segundo a nota informativa disponível no endereço na internet da presidência, "inteirar do ponto de situação sobre as Forças Nacionais Destacadas em 2021, e apreciar as propostas das Forças Nacionais Destacadas para 2022".
Fica claro que a reunião serviu para fazer um balanço sobre as missões dos militares portugueses no estrangeiro, mas a nota é completamente omissa sobre a Operação Míriade, polémica que estalou há umas semanas em torno do alegado tráfico de diamantes, ouro e droga na República Centro Africana e que envolve antigos e actuais elementos das Forças Armadas a actuar naquele país.
Na nota divulgada pela Presidência da República lê-se que "o Conselho deu parecer favorável, por unanimidade, aos ajustamentos de Forças para 2021 e ao conjunto das propostas das Forças Nacionais Destacadas para 2022, nomeadamente para as que têm financiamento assegurado", sem qualquer referência sobre o conteúdo dessas propostas.
Foi dado ainda "parecer favorável condicional, para as propostas pendentes de financiamento para Forças Nacionais Destacadas em 2022", também sem serem referidas quais, ficando ainda por saber o porquê de o parecer favorável se manter "condicional".
No meio de diversas polémicas que envolvem o ministro da Defesa, João Gomes Cravinho, nomeadamente por ter omitido aos principais órgãos de soberania a questão que envolve os militares portugueses na República Centro Africana ou por ter feito aprovar legislação que altera a orgânica dos militares, Marcelo Rebelo de Sousa quis dar mais um sinal ao sector fazendo o Conselho de Defesa aprovar "por unanimidade" um voto de louvor às Forças Armadas "pelo seu desempenho" nas Forças Nacionais Destacadas.
Tendo a Operação Miríade como pano de fundo - e que envolve os militares portugueses na República Centro Africana - o Presidente da República e chefe supremo das Forças Armadas reforça assim aquilo que tem vindo a defender desde que o caso estalou, ou seja, que o caso "não afeta a boa reputação das Forças Armadas portuguesas em missões internacionais".