27 nov, 2021 - 21:20 • Lusa
Num discurso de apresentação da sua moção de candidatura para a presidência do partido, André Ventura falou pouco das suas propostas, lançando antes ataques aos seus opositores e afirmando que "poucos partidos serão hoje tão escrutinados pela imprensa e pelos tribunais como é o Chega".
Dirigindo-se a supostos observadores da Entidade das Contas e Financiamentos Políticos (ECFP) presentes na sala, o líder do Chega quis "lançar um desafio", perguntando "quantas vezes estiveram no Congresso do PS a fazer exatamente o mesmo que vieram fazer ao Congresso do Chega".
Perante gritos de "vergonha" da parte dos delegados, André Ventura voltou a perguntar "quantas vezes fiscalizaram o partido do primeiro-ministro" -- com alguns membros na plateia a responderem "nunca" -- e pediu para que a fonte de financiamento do PCP fosse fiscalizada.
"Gostava de saber como é que, com os limites que temos hoje aos donativos em Portugal, e tantas reportagens que fazem sobre aqueles que apoiam o Chega e os mauzões que andam à nossa volta a apoiar-nos, como é que ainda não houve uma grande reportagem sobre os milhões que entram no PCP todos os anos em Portugal?", interrogou.
Ventura atacou ainda a porta-voz do PAN, Inês de Sousa Real, acusando-a de "hipocrisia" por ter alegadamente "uma estufa numa zona de caça, que distribui os produtos em embalagens de plástico", apesar de o seu partido ser "contra a caça, contra o plástico, contra a agricultura intensiva".
"O mesmo partido que o ano passado queria apresentar uma proposta para que os deputados tenham que declarar se pertencem ou não a um clube de futebol é a mesma líder que não declarou que tem uma imobiliária em seu nome e do marido em Portugal. É uma vergonha o que vivemos em Portugal", frisou.
Em contraponto, André Ventura afirmou que o Chega é a "única oposição ao socialismo em Portugal" e irá operar uma "enorme transformação" no país.
Apesar disso, o deputado único do Chega reconheceu que as eleições autárquicas deixaram o partido "descapitalizado", o que alegou ter "valido a pena" porque permitiu fazer o que os "portugueses esperavam" do partido, ao torná-lo na quarta força política a nível municipal.
"Fomos, arriscámos, demos tudo, e agora estamos sem dinheiro. Não estávamos à espera de eleições, e não esperávamos aquilo que aconteceu, mas vamos com tudo outra vez a este ato eleitoral, porque é essa a nossa alma, é esse o nosso ADN e é assim que nós fazemos política", salientou.
O líder do Chega fez assim uma "promessa solene" ao conjunto dos delegados reunidos no IV Congresso, abordando os eventuais acordos de incidência parlamentar ou coligações após as eleições legislativas do próximo dia 30 de janeiro.
"Muito se diz por aí que vamos negociar um Governo, fazer um Governo, ter ou não ter coligações, que há aceite ou não falar connosco... (...) Pois eu quero-vos deixar aqui esta promessa: nós não vamos negociar, pactuar, dialogar, vamos impor a presença do Chega num Governo de Portugal pela força do voto que vamos ter", frisou.
O IV congresso do Chega decorre na Expocenter, em Viseu, desde sexta-feira e está previsto terminar no domingo.