29 nov, 2021 - 17:31 • Pedro Mesquita , Marta Grosso
O presidente da SEDES – a Associação para o Desenvolvimento Económico e Social – considera razoável a proposta de Rui Rio para entendimentos com o PS, depois das eleições. E vai mais longe: nas atuais circunstâncias, em que o país precisa de recuperar a economia, o que faria sentido era um Governo de coligação entre os dois maiores partidos.
“Eu acho que é uma proposta de cavalheiros. É razoável e eu acho que o PS também deveria pensar igual. O país está numa encruzilhada. A Europa e o mundo estão num momento muito difícil e para Portugal ter as reformas de que necessita, para ter um crescimento económico robusto que nos permita duplicar o PIB em duas décadas”, é necessário entendimentos, defende o socialista Álvaro Beleza.
O médico sublinha ainda que, “se nós não duplicarmos o PIB, nunca mais atingimos o nível de desenvolvimento de países da nossa dimensão, como a Irlanda, e não vai ser possível termos salários dignos que impeçam os jovens de sair de Portugal”.
“Portanto, para fazermos isso, temos de ter entendimentos ao centro, como fez a Alemanha, como fizeram vários países na Europa”, reforça.
Mas, mais do que isso: “não é um Governo do PS ou do PSD, era mesmo haver uma coligação do Governo ao centro, porque assim foi feito noutros países e, ao contrário do que se diz, não acredito que deixasse de haver alternância, porque seria transitória, seria um Governo para fazer reformas difíceis, mas para todas essas matérias é preciso entendimentos ao meio”, defende, em entrevista à Renascença.
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Contudo, isto não são ideias que se anunciem já. Durante a campanha eleitoral, os dois maiores partidos devem pedir a maioria absoluta, defende o socialista.
“Os partidos têm de pedir uma maioria absoluta. Se não conseguir maioria absoluta, há duas hipóteses: primeira, era ter acordos parlamentares e, neste caso, eu acho que o acordo mais útil, desta vez, não seria ter o PCP nem o bloco, mas sim o PSD, porque você precisa de crescimento económico e políticas amigas do crescimento económico, tenho muita pena, mas não são com o Bloco ou com o PCP”, nota.
A segunda hipótese, melhor, seria PS e PSD formarem um Governo de coligação, “até porque Rui Rio e António Costa conhecem-se há muitos anos. Foram presidentes da Câmara de Lisboa e do Porto, tinham até uma boa relação pessoal entre eles e acho que isso também ajuda, porque é preciso haver confiança”.
“Portanto, se nenhum tiver maioria, acho que seria uma boa solução. Mas, pelo menos, que um aceite que o outro governe e que façam entendimentos”, reafirma.
Há uma semana, o presidente do PSD mostrou-se disponível para se entender com o PS em prol da governabilidade. Nas mesmas declarações, Rui Rio afastou qualquer acordo com o Bloco de Esquerda ou o PCP.
“O PSD tem de estar disponível para garantir a governabilidade do país, ganhando ou perdendo. Porque se o PSD ganhar e não tiver maioria absoluta também tem de encontrar entendimentos para governar”, afirmou.
PSD
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