28 nov, 2021 - 21:35 • Lusa
"Eu julgo que isso é importante. Nós no Bloco de Esquerda gostamos dessa clareza. Em 2015, ainda antes das eleições, fomos absolutamente claros sobre essa matéria. Em 2019 fomos outra vez claros, propusemos um acordo ao PS, que o PS não quis e acabou por ir criando um pântano político que nos levou ao impasse em que nos encontramos", respondeu.
Na conferência de imprensa após a reunião da Mesa Nacional do BE, que aprovou o programa eleitoral e as listas de deputados às próximas legislativas, Catarina Martins foi questionada sobre a necessidade de os partidos clarificarem nesta campanha quais as condições de governabilidade depois das eleições de 30 de janeiro.
O BE, segundo a sua líder, vai a eleições "com clareza sobre os objetivos para soluções de governabilidade", o primeiro dos quais "um Serviço Nacional de Saúde [SNS] com carreiras dignas e profissionais dedicados".
"Uma Segurança Social que respeite as pensões e que reformule os apoios sociais para que os trabalhadores pobres não fiquem para trás quando mais necessitam e uma política para o trabalho sobre o salário mínimo muito clara, mas também sobre o salário médio", elencou.
O quarto objetivo, de acordo com Catarina Martins são "medidas concretas sobre a crise climática", sendo a primeira proposta "não só aumentar as redes de transporte público coletivo, como fazer um caminho de gratuitidade dos passes".
"Com estas propostas claras o BE também diz ao que vem quando fala de soluções para de Governo para o país", concretizou.
A coordenadora do BE avisou hoje que o "plano B" d(...)
Questionada sobre se estes seriam os quatro pilares que o BE levaria para a mesa das negociações com o PS a seguir às eleições, a líder bloquista referiu que "seguramente as bases são importantes para se ir mais longe".
"O BE não abdica em nenhuma das áreas de tentar soluções para o país, mas diz claramente quais são as quatro áreas em que se sentará para criar soluções e acho que essa clareza é absolutamente essencial nos dias que correm", enfatizou.
Um dia depois de ter alertado para o "plano B" do PS para as eleições legislativas, em caso de não ter maioria absoluta, ser um bloco central, formal ou informal, Catarina Martins foi questionada pelos jornalistas se esta hipótese estaria mais próxima com a vitória de Rui Rio a Paulo Rangel nas eleições para o PSD.
"A apreciação que nós fazemos não tem a ver com a disponibilidade do PSD. Nós fomos surpreendidos - e quando digo nós, não é o Bloco de Esquerda, é todo o país - por afirmações do secretário-geral do PS [António Costa] e de outros dirigentes do PS da sua disponibilidade de negociação à direita, que era algo que negavam até há pouco tempo e que agora abriram essa porta ou essa possibilidade", referiu.
Escusando-se a debater as opções do PS, a líder do BE aproveitou o momento para fazer um apelo ao voto no BE e um aviso sobre o voto no PS.
"Quem quer defender o SNS, quem quer garantir o respeito por quem trabalha, quem quer puxar pelos salários, pelas pensões, responder ao país, sabe que um voto no BE é o voto de uma garantia para essas soluções, enquanto um voto no PS não se saberá depois a que tipo de soluções serve", afirmou.
Para Catarina Martins, "a clareza é muito importante num momento eleitoral", propondo que se olhe "para estas eleições do lado da convicção" do que se quer para o país.
"Os jogos táticos, o olhar para as sondagens de cada momento, diz-nos pouco sobre o país. O que é preciso é que cada partido tenha as suas propostas e cada pessoa vá votar segundo a sua convicção", apelou.