17 dez, 2021 - 11:00 • Manuela Pires
“O PSD tem um líder e uma estratégia legitimados, e o que há a fazer é unir as pessoas em torno dessa estratégia com o objetivo de ganhar as próximas eleições legislativas”. A frase é de David Justino, vice-presidente do PSD, e é esta a mensagem que a direção do partido leva para o 39.º Congresso do PSD que arranca esta sexta-feira, em Santa Maria da Feira.
Com eleições legislativas marcadas já para 30 de janeiro de 2022, a direção de Rui Rio espera escutar algumas críticas de militantes descontentes, mas acredita que o partido vai sair unido em torno da moção de estratégia apresentada por Rui Rio, porque o objetivo é ganhar as eleições legislativas.
“Eu julgo que da parte dos delegados ao congresso vai haver uma grande maioria que se vai rever na estratégia de Rio, é isso é positivo”, diz David Justino à Renascença.
O “vice” de Rui Rio acrescenta que “não é uma unidade ficcional, mas é uma unidade em, torno de um objetivo que é ganhar as próximas eleições legislativas e formar Governo”.
PSD
Apesar das vozes críticas que se escutaram na noit(...)
A direção do PSD acredita que este propósito vai mobilizar as pessoas e “fazer esquecer pequenas divergências”, sublinha.
A aproximação das eleições pode moderar o tom dos discursos, mas a divisão do partido nas diretas de 27 de novembro, em que Rui Rio derrotou Paulo Rangel com 52,4% dos votos, e a exclusão das listas de deputados de muitos apoiantes do eurodeputado e de presidentes de distritais do PSD, podem levar alguns delegados a mostrar o seu descontentamento em Santa Maria da Feira.
Apesar de muitos terem falado em “limpeza étnica ou purga”, David Justino recusa liminarmente esses termos. Nesta entrevista à Renascença, o vice-presidente do PSD diz que o princípio foi o da renovação dos deputados para ter um grupo parlamentar “mais coeso, competente e mais qualificado”.
Já no que toca ao surgimento de listas para os órgãos do partido, como o Conselho Nacional ou o Conselho de Jurisdição, David Justino refere que “é natural que surjam essas listas de diferentes sensibilidades, mas o que é importante é cerrar fileiras em torno da estratégia do líder”, conclui o vice-presidente do PSD.
A direção do PSD quer que este congresso, que começa esta sexta-feira Santa Maria da Feira, seja mais um passo para demonstrar ao país que pode confiar no PSD para ser alternativa ao partido socialista e para encontrar uma solução de estabilidade.
“Temos uma solução diferente ao PS e não é só uma alternativa de pessoas, é também de projeto e de propósito e o congresso tem de mostrar aos possíveis eleitores do PSD essa imagem de que existe um caminho que está a ser traçado e que não nos vamos afastar dele” refere David Justino.
O líder do partido vai aproveitar os discursos que irá fazer no congresso para lançar já algumas ideias do programa eleitoral que está a ser revisto e apresentar também as medidas que são estruturantes para a estratégia da campanha eleitoral das legislativas de 30 de janeiro.
Quanto ao programa eleitoral vai haver novidades, porque a conjuntura mudou em dois anos. David Justino dá como exemplo a crise pandémica, a crise económica e um quadro de incerteza a nível mundial com as cadeias de abastecimento e o preço das matérias-primas.
“Voltámos a refazer o cenário macroeconómico e vamos dar uma prioridade maior à economia, e saber como é que vamos recuperar e ajudar as empresas a encontrar um novo dinamismo e por último ser firmes perante as ameaças que existem do exterior”, revela à Renascença.
David Justino deixa sempre claro que “este conjunto de condicionantes obriga o PSD a ser mais sensato e mais moderado perante as promessas que queremos fazer aos portugueses”.
O antigo ministro da Educação elogia a estratégia de Rui Rio, quando o líder do partido, na campanha para as diretas, colocou em cima da mesa os vários cenários e a posição do PSD para garantir estabilidade no país, mas gostava “que as outras forças políticas também o fizessem, para que o eleitorado saiba como o que é que pode contar”, avisa.
David Justino integra a direção de Rui Rio desde 2018. Diz que é um académico que dá uns pontapés na política. Não revela se vai continuar a ser um dos mais próximos de Rio, mas garante que “o líder pode sempre contar com ele”.