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OPINIÃO DE SUSANA MADUREIRA MARTINS

Como "conseguir vencer sem os extremos"?

19 dez, 2021 - 16:57 • Susana Madureira Martins

Uma estranha e venenosa aliança entre Rio e os críticos mais próximos a bem de uma vitória a 30 de janeiro, de que todos parecem agora estar certos.

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No discurso mais aplaudido e que levantou o Congresso, o presidente da câmara de Lisboa, Carlos Moedas, pediu a Rui Rio que tivesse um "inconformismo moderado" e consiga "vencer sem os extremos, construir sem destruir". Ficou claro o conselho para o líder do PSD: descanse lá o eleitorado de centro e vença as legislativas de janeiro sem precisar do Chega.

Moedas foi praticamente caso único no Congresso a fazer este alerta e nem sequer nomeou o Chega ou o seu líder André Ventura. E tão depressa entrou pelo Congresso adentro como saiu e não se juntou assim ao desafio unânime - de Luís Montenegro a Poiares Maduro, de Cristóvão Norte ao próprio Rui Rio - para que o PS diga se se entende com o PSD no caso de uma vitória com maioria relativa dos social-democratas.

Uma estranha e venenosa aliança entre Rio e os críticos mais próximos a bem de uma vitória a 30 de janeiro, que todos parecem agora estar certos. Ou como disse Paulo Rangel: um objetivo "absolutamente convicto" de que é possível.

Os críticos colocam assim pressão no líder para vencer as eleições e ao mesmo tempo pressionam uma resposta do PS e, sobretudo de António Costa. Para o primeiro-ministro significaria sempre admitir que a "maioria estável reforçada e duradoura" pedida pelo secretário geral socialista pode estar em causa.

Em habilidade, Rio tira-se da encruzilhada de clarificar um eventual entendimento com o Chega, de cujo discurso até se aproximou na intervenção de encerramento - ao exigir apoios sociais "apenas para quem deles verdadeiramente necessita" - para lançar o PS numa encruzilhada: ou se cola de vez aos habituais parceiros à esquerda ou admite que pode entender-se com o PSD.

Em habilidade, Rio finge uma união no partido, que, por agora, tem o conforto de Luis Montenegro - que assume que o seu "recato acabou" - e de Paulo Rangel, unidade ou paz podre que pode apenas durar até ao final de janeiro, dependendo sempre do resultado eleitoral.

Uma estratégia que pode ter conseguido apagar o facto de Rui Rio não ter apresentado uma única proposta para o país no discurso de encerramento que proferiu em Santa Maria da Feira, com o líder social democrata a falar apenas na necessidade de resolver problemas em alguns sectores como a Saúde ou a Educação e a admitir, por exemplo, "devolver dignidade e as condições de trabalho" aos professores dando sinal a uma fatia largamente descontente do eleitorado.

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  • Ex-professor
    20 dez, 2021 Felizmente! 17:27
    Que os professores, Médicos, Enfermeiros, pessoal auxiliar de Tribunais, Escolas e Hospitais, entre muitos outros, estão descontentes com o governo PS, todos sabemos. Rui Rio ter tentado cavalgar a onda do descontentamento, é apenas tatica politica para obter votos. Ninguém esquece que nas votações na AR sobre, a recuperação do tempo de serviço dos professores, deu o dito por não dito, votou contra depois de dizer que votaria a favor, e tentou depois umas desculpas esfarrapadas baseadas em truques de semântica e disfarçadas com o "Bem Nacional", que é a desculpa da praxe quando os políticos da AR querem "entalar" uma classe profissional. E se foi dissimulado antes, quem garante que não será dissimulado depois?

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