02 jan, 2022 - 22:25 • Susana Madureira Martins
No primeiro frente-a-frente na RTP, com Rui Tavares do Livre, António Costa definiu a estratégia: a bipolarização com o líder do PSD dizendo claramente "a escolha é entre mim e Rui Rio", sobre quem disse, de resto, que "nem um Salário Mínimo Nacional aumenta quanto mais o salário médio".
O líder socialista carregou nas tintas dizendo que nas eleições de dia 30 a escolha que "é preciso fazer é se a página que se vira é para prosseguir com uma maioria de progresso ou se é uma página de retrocesso às políticas de austeridade".
Na réplica, Rui Tavares pediu que esse "virar de página" seja "para a frente e não para trás" e para as "maiorias absolutas do passado", ou para a experiência dos "Blocos Centrais do passado" que o candidato do Livre ao círculo eleitoral de Lisboa, classifica como "indesejáveis".
A partir daqui o historiador e antigo eurodeputado fez um desafio a António Costa para um "pacto"com vista a "uma maioria social e ecológica" em que fique definida a viabilização de um "orçamento e um governo", mas com a ressalva de uma "agenda para um novo modelo de desenvolvimento para o país aapresentar até ao 25 de abril" .
Uma agenda que Tavares quer que fique aberta "aos partidos que dela quiserem participar do espectro do progressismo e da ecologia", pedindo a Costa que não chutasse com uma resposta para canto.
Ora, Costa respondeu que o que "o país precisa é de estabilidade", puxando de novo pela bipolarização entre PS e PSD, criticando um eventual governo de Rui Rio "que nem um Salário Mínimo aumenta quanto mais o salário médio".
Na resposta o líder socialista defendeu que "a forma mais segura de ter "estabilidade" é "dar-nos uma maioria, mas uma maioria não significa governar sozinho", admitindo que já governou na Câmara Municipal de Lisboa "com maioria e sem maioria", numa autarquia , de resto, onde o PS concorreu coligado com o Livre nas eleições autárquicas de outubro.
Puxando dos galões, Costa atirou que é uma pessoa "de consensos, de compromissos de diálogo e em qualquer circunstância", mas que não se pode "correr o risco de voltar a acontecer o que aconteceu neste orçamento", acrescentando que há uma condição:" não ficar na dependência dos humores, das jogadas políticas, da movimentação tática de cada um dos partidos", numa crítica implícita a PCP e Bloco de Esquerda.
O debate foi depois para propostas em concreto com o candidato do Livre a defender que o Salário Mínimo Nacional chegue aos mil euros até ao final da legislatura e António Costa, que apresenta esta segunda-feira o programa eleitoral do PS, a manter a fasquia de chegar aos 850 até 2025.
Rui Tavares terminou o debate dizendo que entre o Livre e o PS fica claro que será o Livre que "nunca apoiará um governo de Rui Rio", com Costa a dar a réplica que "quem é alternativa mesmo para impedir que Rui Rio seja governo é mesmo o PS", acrescentando que "um voto no Livre não nos livra da direita, o que nos livra mesmo da direita é o voto no PS".