01 jan, 2022 - 23:15 • Lusa
Em conferência de imprensa, minutos depois da mensagem de Ano Novo do Presidente da República, o deputado António Filipe disse que o Partido Comunista Português (PCP) registava "a preocupação relativamente ao que deve acontecer e deve ser feito no ano de 2022 e também que os fundos que estarão disponíveis deverão ser usados para a resolução dos problemas concretos das pessoas".
"Aquilo que o senhor Presidente da República diz são para nós evidências, de que é importante que o ano de 2022 dê um passo para que os problemas concretos das pessoas sejam resolvidos", apontou.
Segundo o deputado comunista, os problemas concretos "têm que ver com aquilo que as pessoas sentem no seu dia-a-dia", desde os baixos salários, o acesso à habitação, condições de acesso a cuidados de saúde, que apontou como "questões fundamentais".
António Filipe garantiu que a resolução dos problemas das pessoas é a "firme convicção" do Partido Comunista, desde logo para que "os recursos disponíveis não sejam afogados em corrupção e em 'offshores'", mas sirvam antes para promover o desenvolvimento do país e melhorar as condições de vida dos portugueses.
Segundo o deputado comunista, o país precisa de "um aumento generalizado dos salários", de ver resolvido o problema da precariedade laboral, de "dignificar a contratação coletiva", e de criar condições para que os trabalhadores consigam conciliar a vida laboral e familiar.
O PSD concordou com o Presidente da República, que disse que Portugal precisa de "virar de página", e referiu que quer vencer as eleições legislativas de dia 30 para ser protagonista dos "novos momentos que o país precisa".
Numa reação a partir de Guimarães, André Coelho Lima, vice-presidente do PSD, considerou que a mensagem de Ano Novo de Marcelo Rebelo de Sousa fica marcada pela "expressão a que os portugueses estão mais habituados" na viragem do ano: "Ano novo, vida nova".
O dirigente afirmou que a mensagem do chefe de Estado "assentou muito na pandemia, assentou muito na paragem económica, assentou muito na crise social, assentou muito também em algo que é muito importante para o PSD, na descompensação das pessoas, ou seja, os efeitos indiretos ou laterais da pandemia".
Mas "sobretudo assentou a sua mensagem na esperança, naquilo que a viragem deste novo ano e na proximidade que temos de um ato eleitoral, das eleições legislativas, o que significa também para haver um virar de página a que se referiu o senhor Presidente da República", disse.
"É obviamente com sentido de dever e com muita proximidade das palavras do senhor Presidente da República que nos associamos à necessidade do virar de página do nosso país", afirmou, salientando que o PSD "se apresenta naturalmente com toda a humildade a estas eleições com o objetivo de as vencer", para "protagonizar esse virar de página, para protagonizar essa ambição, esses novos momentos que o país precisa".
O líder do Chega considerou que a mensagem de Ano Novo do Presidente da República “falhou no essencial”, criticando-o por não ter identificado os responsáveis pela crise política e por ter-se focado demasiado na pandemia.
Numa declaração vídeo, André Ventura defendeu que, apesar de Marcelo Rebelo de Sousa ter procurado “transmitir aos portugueses alguma confiança, continuou a falhar no essencial”.
“O Presidente da República, consciente que vamos entrar num novo ciclo político imprevisível, foi incapaz, na nossa perspetiva, de identificar os verdadeiros responsáveis pela crise que estamos a viver: o PS e a extrema-esquerda, que não conseguiram fazer aprovar o Orçamento do Estado e resolver a situação económica e política do país”, indicou.
O PS disse rever-se “plenamente” na mensagem de Ano Novo do Presidente da República, nomeadamente na necessidade do país precisar de estabilidade política, previsibilidade nas opções políticas e confiança para enfrentar os próximos desafios.
“Revemo-nos plenamente na mensagem do senhor Presidente da República, revemo-nos em primeiro lugar porque o país precisa de estabilidade política para consolidar a estratégia de combate à pandemia e de previsibilidade nas opções políticas para assegurar as condições de recuperação da economia e das condições de vida dos portugueses”, afirmou o secretário-geral adjunto do PS, José Luís Carneiro.
Numa reação a partir do Porto, na sede do partido, o socialista acrescentou que a estabilidade e a previsibilidade dão a confiança necessária para o país aproveitar bem os recursos ao dispor.
“Juntos conseguimos virar a página da austeridade em 2015 e, agora, juntos vamos conseguir virar a página desta pandemia e assegurar o crescimento da economia e a recuperação das condições de vida de todos os portugueses e reforçar Portugal como um país de progresso e de bem-estar”, referiu.
O presidente da Iniciativa Liberal (IL) defendeu que “é de facto hora de virar a página” na gestão da pandemia e no modelo de desenvolvimento de Portugal e considerou que as eleições legislativas constituem essa oportunidade.
Numa reação à mensagem de Ano Novo do Presidente da República, através de um vídeo enviado às redações, João Cotrim Figueiredo saudou o mote escolhido por Marcelo Rebelo de Sousa.
“É de facto hora de virar a página. Virar a página na gestão da pandemia, e atenção já para o dia 30 de janeiro em que temos oportunidade de mudar as coisas, que essa oportunidade não seja perdida para muitos daqueles que vão estar em confinamento ou isolamento – é preciso tratar dessa questão –, mas também virar a página no modelo de desenvolvimento de Portugal, nas políticas que são aplicadas em Portugal e que não podem continuar a produzir mau emprego, poucas oportunidades, salários baixos”, defendeu.
O líder da IL apontou que “essa oportunidade de virar a página virá já no dia 30 de janeiro, podendo votar em opções verdadeiramente liberais”.
O CDS-PP acompanhou "na generalidade" a mensagem de Ano Novo do Presidente da República e defendeu que as eleições legislativas de dia 30 podem constituir uma oportunidade para Portugal "virar de página" com a "direita certa".
"O CDS acompanha na generalidade a mensagem de Ano Novo do senhor Presidente da República", afirmou Martim Borges de Freitas, presidente da mesa do Congresso do CDS, num vídeo enviado às redações.
O também cabeça de lista do partido por Aveiro considerou que as eleições legislativas "podem na verdade significar um virar de página porque as pessoas são de facto mais livres para poder votar", sustentando que "o voto útil em Portugal deixou de existir" porque desde 2015 "não é necessária a maioria de um só partido para governar, como nem sequer é necessária a vitória de um partido para que seja indicado o primeiro-ministro".
O PAN saudou o Presidente da República por referir, na sua mensagem de Ano Novo, o desafio climático, mas gostava de ter ouvido Marcelo Rebelo de Sousa abordar o voto de quem estiver confinado devido à doença Covid-19.
"A este tempo ainda não sabemos o que o Governo está a antecipar relativamente ao ato eleitoral para que esteja assegurado o direito ao voto de todas as pessoas, em particular aquelas que vão estar em isolamento ou doentes por força da covid-19, entre outras doenças. E não ouvimos uma palavra do senhor Presidente relativamente a este grande desafio para a democracia", afirmou a porta-voz do PAN num vídeo enviado às redações no sábado à noite.
Inês Sousa Real saudou "o reconhecimento por parte do senhor Presidente da República do desafio climático", mas defendeu que é preciso "ir mais longe" e "mudar o paradigma".
A líder do PAN espera que das palavras do Presidente da República "se possa retirar também um compromisso" de que o regresso à normalidade em Portugal "não seja voltar a mais do mesmo".
Inês Sousa Real considerou também que a pandemia de covid-19 demonstrou que "a saúde do planeta e a saúde humana são uma só", pedindo uma valorização do meio ambiente, mas também dos profissionais de saúde "que tanto deram nesta pandemia".
Bloco de Esquerda defendeu a importância de um “novo ciclo político” depois das eleições legislativas e apelou a uma maioria de esquerda sem "maiorias absolutas ou tentativas de bloco central".
Este domingo, Bruno Maia fixou as prioridades bloquistas na proteção do Serviço Nacional de Saúde (SNS), na subida dos salários e na defesa do clima, considerando que estas três questões só serão acauteladas com “uma esquerda à esquerda do PS que seja forte e saia reforçada destas eleições” de 30 de janeiro.
“Desde 2019 até agora o PS recusou fazer um acordo à esquerda em torno de compromissos concretos. O que vai fazer a diferença daqui para a frente é a força do voto das pessoas. Se houver um voto que diga que tem de haver uma maioria à esquerda sem maioria absoluta do PS, então essa maioria de esquerda está legitimada e tem de se sentar à mesa para negociar”, afirmou o candidato a deputado do BE pelo círculo eleitoral de Lisboa.
Para Bruno Maia, “era preciso um acordo escrito em torno de medidas concretas” já em 2019 e o próximo ato eleitoral repete essa necessidade para o futuro do país, com o militante bloquista a sustentar que a esquerda já passou a fase de resposta ao “massacre que foi o tempo da 'troika' e o governo das direitas”.
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