04 jan, 2022 - 14:08 • Susana Madureira Martins
Veja também:
António Costa aproveita a posição algo ambígua de Rui Rio sobre a pena de prisão perpétua, no debate da SIC desta segunda-feira com André Ventura do Chega, para passar ao ataque ao líder do PSD, a quem exige "linhas vermelhas inultrapassáveis".
André Ventura atirou para o debate um hipotético regresso da pena de prisão perpétua para crimes violentos e Rui Rio não recusou taxativamente esta prática, limitando-se a descrever as diferenças entre o que prevê o líder do Chega e o que existe em países europeus como a Alemanha, que aceita esta figura penal com possibilidades de ser comutada após um período mínimo de prisão.
Ora, o líder do PS agarra-se a esta posição de Rui Rio para salientar que "em circunstância alguma" se pode "ceder nos princípios ou nos valores", atirando ao líder do PSD que "o combate ao populismo exige linhas vermelhas inultrapassáveis".
Numa mensagem vídeo divulgada esta terça-feira pelo PS, António Costa atira que quer ser "muito claro" e acusa Rio de "conveniência ou necessidade eleitoral" por, alegadamente, se ter disposto "a considerar com André Ventura diferentes modalidades para restabelecer a pena de prisão perpétua".
Numa declaração de um minuto, o líder socialista diz que ouviu a posição de Rui Rio "com surpresa em directo e ao vivo", dizendo mesmo que "nem a ditadura pôs em causa esta tradição" de abolir a pena de prisão perpétua.
António Costa salienta que "a democracia construiu um direito penal humanista, que garante que Portugal seja o quarto país mais seguro" do mundo e que "os valores do humanismo que inspiram a nossa sociedade não são transacionáveis".
legislativas 2022
O debate entre Rui Rio e André Ventura, transmitid(...)
No final da mensagem, o líder do PS atira que "um político responsável tem sempre os seus princípios" e os "valores no centro", piscando o olho a este eleitorado e simultaneamente a deixar uma farpa a Rui Rio, que tem posicionado sempre o PSD ideologicamente ao centro.
António Costa lembra ainda a "longa tradição humanista assente na ideia de que todo o ser humano sendo dotado de consciência é capaz de mudar" e que, "por isso", Portugal foi "o primeiro país do mundo a acabar com a pena de morte", acrescentando que "desde 1884" que "não tem prisão perpétua".