04 jan, 2022 - 20:46 • Tomás Anjinho Chagas
O debate entre Catarina Martins e Rui Tavares foi um “descubra as diferenças”. Em cerca de meia hora de discussão, foram raras as vezes em que os dois líderes partidários discordaram.
A coordenadora do Bloco de Esquerda admitiu mesmo ter “simpatia” pelo programa do Livre. Mas apontou a falta de concretização de algumas medidas, como o regime de exclusividade no SNS, por exemplo. Ainda assim, a grande maioria das críticas foram mesmo dirigidas ao PS. Catarina Martins garante que fez tudo para conseguir chegar a um entendimento para o Orçamento do Estado para 2022, e voltou a acusar António Costa de ter provocado a crise política. “O PS recusou todas as propostas, o PS recusou tudo.”, aponta a líder bloquista.
Outra das falhas apontadas ao programa do Livre por parte de Catarina Martins, foi a inexistência de propostas sobre matérias laborais, sobretudo para reverter medidas do tempo da Troika. Segundo a coordenadora do Bloco, o programa “não tem uma linha para valorizar o trabalho”.
Do outro lado da mesa, Rui Tavares, fundador do Livre e candidato a deputado pelo círculo de Lisboa, assinalou as principais diferenças na forma como os partidos estão dispostos a negociar. Para o historiador, o voto no Livre é o “mais claro” deste boletim, “não tem nem asteriscos nem letras miudinhas”.
Rui Tavares reaviva a memória recente dos eleitores, depois do chumbo do Orçamento: “quem não consegue entender se estamos frente a um BE ou a um PCP mais da intransigência ou da convergência, pode apanhar grandes dissabores a seguir”. Depois de apresentar o problema, Rui Tavares apresenta a solução: “a mensagem numa esquerda que é claramente a convergência, é através do Livre”. O historiador diz mesmo não compreender porque é que o Bloco nem sequer tentou negociar o Orçamento em duodécimos, como está previsto na Constituição.
Apesar das críticas, o fundador do partido recordou a coligação que formou com o Bloco de Esquerda em Oeiras, nas últimas autárquicas. No plano nacional, o candidato a deputado mostra-se aberto a negociar com o próprio Bloco de Esquerda, mas também com PCP, PAN ou PEV. Replicando uma proposta que já tinha feito também ao PS, Rui Tavares sugere que até ao dia 25 de abril, seja conseguido um “pacto social, progressista e ecológico” entre estes partidos.