07 jan, 2022 - 22:12 • Manuela Pires , André Rodrigues
O líder do CDS, Francisco Rodrigues dos Santos alerta para o que diz serem os “arranjinhos” entre Rui Rio e António Costa para defender o voto útil no seu partido.
No debate desta sexta-feira à noite na CNN Portugal, Rodrigues dos Santos insistiu no voto no CDS, avisando que a lógica do voto útil no PSD pode acabar por servir ao PS.
De resto, o líder centrista citou exemplos de como, no seu entendimento, Rui Rio esteve mais perto de António Costa do que do CDS, com quem o PSD habitualmente dialoga nas situações em que não consegue maioria.
“Imagine-se se não tivéssemos acabado com os debates quinzenais, António Costa que já está fragilizado, como não estaria hoje? Imagine se não teríamos um Estado mais forte se Rui Rio não tivesse feito um arranjinho com António Costa para as CCDR. Imagine-se como é que não estaríamos hoje se, num conjunto de matérias, o Dr. Rui Rio na AR quisesse ser a oposição ao PS como, por exemplo, na questão da eutanásia e, agora, não andar a reboque, também, na questão da regionalização”, atirou o presidente do CDS ao adversário.
Na resposta, Rui Rio garantiu que, caso vença as eleições legislativas de 30 de janeiro sem maioria absoluta, o CDS será o primeiro partido a ser chamado para um entendimento.
“Aquele com quem mais facilmente nos podemos entender é o CDS. Isso não tenho dúvida nenhuma. Não é só por mim, é pela tradição dos dois partidos e não tenho qualquer problema em entender-me com o Francisco Rodrigues dos Santos”, acrescentou o líder social-democrata que chamou ao PSD o voto útil para derrotar António Costa.
Num frente a frente com poucas diferenças entre ambos os partidos, foi no tema da eutanásia que a troca de argumentos entre Rui Rio e Francisco Rodrigues dos Santos foi mais acesa.
O social-democrata insistiu que o seu partido é contra a eutanásia, apesar da posição do líder ser contrária à da maioria e de o partido ter liberdade de voto nessa matéria.
Perante este argumento, o presidente do CDS alega que “o Dr. Rio alegou um argumento de liberdade” mas, segundo Rodrigues dos Santos, “a liberdade que dá aos seus deputados não é a mesma liberdade que dá ao povo português, na medida em que votou contra o referendo à eutanásia a seguir à iniciativa popular”.
À pergunta “Como votou o Dr. Rui Rio”, o líder do PSD reconheceu que “tem uma posição diferente da da maioria”, mas que “não vai mudar a sua convicção porque a maioria está de uma maneira. Nem que esteja sozinho, é a minha convicção”.
Já em matéria económica, ambos os líderes estão de acordo com a privatização da TAP.
Tal como com a eutanásia, a questão foi suscitada pelo líder do CDS. Na resposta, Rui Rio afirmou que “a TAP é uma vergonha” e que não tem dúvidas de que, se for primeiro-ministro, a empresa será privatizada.
“Acha que a TAP fica neste estado, a sangrar permanentemente as finanças públicas, em vez de servir um país como um todo?”, questiona Rio.