12 jan, 2022 - 23:58 • Tomás Anjinho Chagas
Num debate civilizado, os líderes dos dois partidos, que nas últimas legislativas conseguiram pela primeira vez entrar no Parlamento, só concordaram em discordar. A Iniciativa Liberal acredita que a visão do Livre pressupõe uma “sociedade utópica” para o país.
Rui Tavares, fundador do Livre, coloca a economia verde como prioridade para Portugal. Além disso, considera que é necessário otimizar o potencial da força de trabalho para os microempresários ou para os trabalhadores independentes. “São pessoas que têm sempre a sensação que estão 80% do tempo a fazer aquilo em que não são boas. São os seus próprios contabilistas, juristas ou colaboradores”. Rui Tavares acredita que é preciso rentabilizar as capacidades de cada um através da especialização e coloca a emergência climática como o cerne da questão.
Já João Cotrim de Figueiredo, presidente da Iniciativa Liberal, não desvaloriza a necessidade de lutar contra o aquecimento global, mas prefere outra nomenclatura. “Não gosto da expressão emergência, porque nesses casos tendemos a aceitar todas as soluções”. O líder dos liberais defende que, para enveredar por uma economia mais verde, é necessário satisfazer outras necessidades primeiro. “Atrevo-me a dizer que só fazendo a economia crescer é que é possível dar resposta aos desiquilibrios ambientais. Todos os países avançados nesse domínio, são países desenvolvidos. É nos países menos desenvolvidos que há as maiores catástrofes ambientais”, João Cotrim de Figueiredo finaliza “as pessoas não vão acudir a outras necessidades menos evidentes, se tiverem necessidades básicas por satisfazer”.
No diagnóstico dos problemas, os dois partidos aproximaram-se muitas vezes. Mas no momento de prescrever uma solução, voltaram sempre a afastar-se. É o caso do sistema tributário. Ambos os partidos defendem a sua simplificação. Mas para o fazerem, traçam caminhos diferentes. A Iniciativa Liberal acredita que baixar o IRS é a melhor forma para aumentar o salário médio em Portugal. Já o Livre vira-se para uma forma mais equitativa de taxação. “Se todos pagarem, podemos pagar menos”, referindo-se às maiores empresas europeias com domícilios fiscais que aliviam a tributação.
A habitação foi outro tema que deixou uma opinião em cada lado da mesa. Para baixar o preço das casas, o Livre propõe uma comparticipação do Estado (em formato de empréstimo) para a entrada da casa no banco, no momento da compra do imóvel.
A Iniciativa Liberal coloca antes o ónus no próprio mercado. “Há um desiquilibrio óbvio entre o número de casas que as pessoas procuram e o número de casas que estão à venda”. Para contrariar, João Cotrim de Figueiredo defende que o importante é baixar o preço das casas. Para isso, reforça a importância de aumentar a oferta “os imóveis do Estado que estão desocupado têm de ir para o mercado, os terrenos do Estado têm de ser utilizados. Os licenciamentos das autarquias têm de ser mais rápidos, e o IVA dos materiais de construção tem de baixar imediatamente”, sustenta o líder dos liberais.