15 jan, 2022 - 18:35 • Lusa
O dirigente comunista João Oliveira recorreu hoje à luta da população de Vendas Novas contra uma decisão de um governo de Sócrates para alertar o PS de que mesmo com maioria absoluta não tem carta-branca para fazer o que quiser.
Durante um comício, o membro da Comissão Política do Comité Central do PCP advertiu que o PS está a pensar que vai conseguir fazer o que quiser sem precisar de prestar contas a ninguém se alcançar a maioria absoluta.
No entanto, continuou, a população de Vendas Novas já demonstrou à maioria absoluta do socialista José Sócrates, entre 2005 e 2009, que não é bem assim.
"Quando passámos pela última maioria absoluta, uma maioria absoluta do PS, foi aqui neste concelho de Vendas Novas que se deu uma resposta que clarifica que mesmo um Governo com maioria absoluta não pode tudo quando as populações se levantam para defender os seus direitos", sustentou.
O também dirigente da bancada comunista no hemiciclo desde 2013 lembrou que aquela "maioria absoluta do Governo do PS tentou encerrar o serviço de atendimento permanente no centro de saúde", mas "os "vendanovenses", com a sua luta, travaram essa intenção" do executivo e mantiveram em funcionamento aquele serviço.
João Oliveira também revelou que o PS estabeleceu como objetivo para o distrito eleger os três deputados daquele círculo eleitoral.
Para isso João Oliveira teria de falhar a eleição.
Interpelado sobre esta possibilidade à margem da iniciativa de pré-campanha eleitoral, o dirigente do PCP não referiu se estava confiante ou preocupado com o resultado das eleições, referindo apenas que essa decisão cabe aos eleitores.
Os dirigentes comunistas João Ferreira e João Oliveira substituem provisoriamente o secretário-geral do PCP na campanha para as eleições legislativas, enquanto Jerónimo de Sousa recupera de uma operação de urgência à carótida interna esquerda a que foi submetido na quinta-feira.
João Oliveira passa hoje à noite o "testemunho" a João Ferreira, que intervém num comício em Lisboa.
Nas legislativas de 2019, a Coligação Democrática Unitária (CDU) - que integra o PCP, o PEV e a Associação Intervenção Democrática - elegeu 12 deputados (dez do PCP e dois do PEV) e obteve 6,33% dos votos, ou seja, 332.473 votos (de um total de 5.251.064 votantes), menos 113.507 do que em 2015, de acordo com o Ministério da Administração Interna (MAI).