17 jan, 2022 - 18:29 • Beatriz Lopes , Inês Rocha
João Ferreira ironiza e diz que Rui Rio não faz ideia de como funciona o voto em mobilidade.
“Alguns políticos que parece que vivem assim numa bolha completamente afastada da realidade e do país que somos”, disse esta segunda-feira o dirigente comunista em Coruche, distrito de Santarém.
“Há aí um que, descobrimos agora, nem faz ideia como é que funciona o voto antecipado - mas nem é fundamentalmente isso que eu estou a falar”.
João Ferreira referia-se ao “tweet” de Rui Rio que deu que falar, este domingo: "O Dr. António Costa arranjou uma forma airosa de evitar ter de fazer o que sabe que não é bom para Portugal; ter de votar nele próprio. Chapeau!", depois de o líder socialista ter anunciado que pretende votar no dia 23 de janeiro, no Porto.
António Costa lembrou, depois, que o voto é contabilizado no local em que o eleitor está recenseado e não no local de voto. “Eu teria muito gosto em votar no professor Alexandre Quintanilha, mas acontece que apesar de votar no Porto o voto vai ser contabilizado no círculo eleitoral de Lisboa e também não vai ser necessário o meu voto para o professor Alexandre Quintanilha ganhar ao Dr. Rui Rio, no círculo eleitoral do Porto", acrescentou.
Numa sessão com reformados sobre envelhecer com dignidade, em Coruche, João Ferreira, que está a substituir Jerónimo de Sousa na campanha eleitoral do PCP, após o líder comunista ter sido operado, criticou ainda “o afastamento em relação à realidade de milhões de trabalhadores, de reformados e de pensionistas deste país”.
“Afastamento face ao que são as dificuldades não só de viver com uma baixa pensão, mas ter de fazer das tripas coração quando temos algum problema de saúde, e como acontece aqui no Couço, se tem de ir para Coruche ou mesmo em determinadas circunstâncias já não chega a Coruche tem de ir para a capital do distrito, para Santarém”.
“Isto é não fazer ideia das dificuldades por que passam as populações. De outra forma, nós já teríamos certamente visto outro tipo de medidas para acorrer a este tipo de problemas”, disse João Ferreira.
O dirigente comunista voltou a insistir que é preciso acabar com a mentira de que as pensões não aumentaram em janeiro por causa do chumbo do Orçamento do Estado, e acusou o PS de chantagem.
“Porque é que não tivemos em janeiro já o aumento extraordinário que tivemos nos anos anteriores? A resposta é simples: não tivemos porque o Partido Socialista, podendo fazê-lo, não o quis fazer. Havia condições, não foi por não haver orçamento aprovado que não houve aumento extraordinário de pensões”, afirmou.
João Ferreira sublinha que era possível aumentar pensões mesmo estando a governar em duodécimos e acusou o Partido Socialista de transformar o aumento de pensões “numa espécie de chantagem com os pensionistas e com os reformados. Transformar isto numa arma eleitoral. O que implica atrasos que eram evitáveis no pagamento destes aumentos extraordinários das pensões”.