17 jan, 2022 - 19:30 • Daniela Espírito Santo
A campanha eleitoral faz-se também nas redes sociais e o arranque da de 2022 foi prova disso. Com os partidos na estrada desde domingo, o primeiro dia de campanha começou, exatamente, no Twitter. Tudo graças a Rui Rio, que twitou sobre o voto antecipado de António Costa, acabando o assunto por dominar a atualidade do fim de semana, gerando muitas reações online e offline.
Tal não surpreendeu Gustavo Cardoso, investigador do MediaLab e professor do ISCTE, que tem vindo a acompanhar a presença do líder social-democrata no Twitter e acredita que este episódio tem de ser visto à luz da estratégia recorrente de Rio naquela rede social.
O Dr. António Costa arranjou uma forma airosa de evitar ter de fazer o que sabe que não é bom para Portugal; ter de votar nele próprio. Chapeau! 🎩 https://t.co/J99XElX4zn
— Rui Rio (@RuiRioPSD) January 16, 2022
“Há um padrão de utilização do Twitter para tentar marcar a agenda”, explica o sociólogo especializado em media, que assegura que Rio “tem tido”, ao longo dos anos, “uma forma diferente de comunicar quando está no Twitter” e é, “entre os políticos portugueses”, aquele que consegue, “com maior eficácia”, utilizar aquele espaço “para não ter de falar diretamente com os jornalistas”, conseguindo “criar um acontecimento que, depois, marca a agenda e obriga os próprios jornalistas a introduzirem o 'tweet' como base para as notícias e comentários que produzem”.
Neste caso de Rio, “se o objetivo era ser falado, foi”. No entanto, o resultado pode não ser benéfico, tendo em conta as reações que gerou. “Penso que o objetivo do candidato é ser bem falado e não ter mais críticas… Ter um lado mais positivo do que negativo e não foi isso que aconteceu."
O “buzz” gerado nas redes passa, depois, para o mundo “real”, mas “ficam muitas dúvidas” quanto aos benefícios que traz para os candidatos e até se tem “algum impacto na dinâmica eleitoral”. Até porque, no final do dia,“‘likes’ e partilhas não são votos”.
Para analisar estas duas semanas de campanha online, vamos espreitar o que se passa nas principais redes sociais em Portugal com a ajuda do MediaLab do ISCTE. Esteja atento/a ao podcast “Em Nome do Voto” para não perder a análise aos principais acontecimentos da campanha nas redes, diariamente.
O MediaLab do ISCTE analisa, na Renascença, as redes sociais durante toda a campanha eleitoral.
Esta segunda-feira, olhamos para o acumular de interações nas principais redes sociais durante o fim de semana. Neste "ranking", é André Ventura que aparece em destaque no Facebook: de um total de 81146 interações com as páginas de líderes partidários, a página do líder do Chega acumulou mais de 50 mil. Seguiu-se António Costa, 18012 interações, e João Cotrim Figueiredo, com 5420.
No que diz respeito às páginas dos próprios partidos é o Partido Social Democrata que "vence" a corrida das interações, angariando mais de 27 durante o fim de semana. Em segundo lugar figura o Chega, com mais de 13 mil interações, e com a Iniciativa Liberal mesmo perto, com 12 884 interações.
Estes resultados são tidos nas páginas de líderes e partidos no Facebook, onde André Ventura lidera o "ranking" de fãs: tem mais de 174 mil seguidores. O atual primeiro-ministro tem cerca de 98 mil e Catarina Martins fecha o "pódio", com mais de 88 mil fãs. Já nos partidos o cenário diverge: o PAN lidera com mais de 166 mil fãs, seguido do PSD, com 163 mil, e do Chega, com 143 mil.
Ainda na rede de Mark Zuckerberg, no top de grupos com mais interações em publicações sobre líderes partidários aparecem espaços cujas temáticas não deixam espaço à imaginação: "Apoio total a António Costa", grupos do PS e PSD, "André Ventura Portugal" e "chega de corrupção - corrosiva da nação" são alguns dos nomes que mais interações acumularam durante o fim de semana.
No Instagram, quem lidera nas interações é a Iniciativa Liberal. De um total de quase 80 mil interações em perfis de partidos, 32,5 mil aconteceram em "liberalpt", sendo que a maioria das interações registadas foram "gostos".
PSD e Chega aparecem muito próximos no segundo e terceiro lugares deste "campeonato", com 12,2 mil e 11,7 mil interações, respetivamente. Já o top de líderes é encabeçado por André Ventura, com 25,7 mil interações geradas em página. João Cotrim de Figueiredo, da Iniciativa Liberal, consegue 17,2 mil interações no seu perfil. O "pódio" fica fechado com Catarina Martins, com pouco mais de 3 mil reações às suas publicações.