18 jan, 2022 - 20:00 • Daniela Espírito Santo
O país fixou os olhos na TV, na noite de segunda-feira, para acompanhar o último debate televisivo destas legislativas (ainda temos debate da rádio na quinta-feira!), mas foi dividindo a sua atenção com as redes sociais.
Já é quase "ritual" nesta campanha, explica-nos Nuno Palma, do Media Lab do ISCTE: o Twitter transformou-se no "segundo ecrã dos debates", com os portugueses a comentarem "em tempo real" o confronto de ideias entre candidatos (com algum humor à mistura).
"Os debates, este ano, têm sido diferentes dos de 2019, porque tem havido muito mais conversa à volta deles nas redes", aponta o professor da ESCS, para quem o Twitter é mesmo o "ringue" preferido para estes embates em tempo real. "O Twitter tem sido a rede escolhida para isso e, parece-me, os partidos mais pequenos e mais à direita têm ganhado mais com essa dinâmica."
Não é, então, de estranhar que os números de interação nas redes sociais esta segunda-feira ofereçam a vitória à Iniciativa Liberal e a João Cotrim de Figueiredo, em redes como o Twitter e o Instagram. "A IL tem sabido capitalizar esta dinâmica", diz Nuno Palma, com os debates a servirem "de catapulta para as redes". "Os assuntos às vezes já parecem preparados para depois serem assuntos nas redes", adianta, fenómeno que se começou a verificar "a meio da maratona de debates", quando os partidos começaram a "criar momentos televisivos" para serem, posteriormente, "exportados para as redes".
João Cotrim de Figueiredo foi, assim, a "estrela" do pós-debate no que toca às métricas, causando o maior impacto na conversa a seguir ao debate. Alguns desses momentos viralizaram e tornaram-se nas publicações com mais interações, como foi caso do cheque que entregou a António Costa. "Esses momentos têm sempre uma boa resposta nas redes sociais e foi isso que aconteceu à IL que já tinha sido, durante o dia, o partido que tinha estado à frente na comunicação de redes. Depois do debate, acentuou-se essa vitória", acrescenta o especialista.
Com esta dinâmica, assuntos que poderiam marcar a agenda política durante menos tempo acabam por se prolongar, ganhando nova vida online. Para Nuno Palma, "os partidos estão a querer aproveitar" esse fenómeno (o tema Ryanair vs António Costa é disso exemplo: veio do fim de semana e ainda hoje é tema de conversa).
"Há uma preocupação em criar conteúdo e soundbites para as redes. As arruadas são um contexto que dá menos conteúdo para as redes comentarem, por isso os debates têm sido mais profícuos. Vamos ver o que acontece agora durante as arruadas...", diz o investigador. Será que a estratégia vai mudar?