19 jan, 2022 - 19:04 • Daniela Espírito Santo , Inês Rocha
Na última terça-feira, foi dia de debate dos partidos sem assento parlamentar na televisão, e isso trouxe uma dinâmica "diferente" às redes sociais. Gustavo Cardoso, investigador do Media Lab do ISCTE, fala de uma "mudança de registo brutal", com "muito menos política" em termos de discussão, e "muito mais humor em torno dos candidatos".
O momento que mais marcou a noite nas redes, para o investigador, foi o do "elefante na sala" de Bruno Tiago. O candidato da Alternativa Democrática Nacional (ADN) recusou entrar no debate por não querer fazer teste à Covid-19 e participou através de videochamada. A certa altura, recorreu a um elefante, em peluche, para falar daquilo que considera o "elefante na sala" do debate político - a pandemia.
O tom, nas redes sociais, foi maioritariamente humorístico. Gustavo Cardoso considera que, "se estivéssemos a falar de um período fora de campanha, teria sido natural porque normalmente encontramos muitos memes, muita comédia" no contexto da política. "De repente, ontem aterramos outra vez nesse espaço. Foi um dia diferente", considera.
Outro dos momentos muito comentados foi o momento em que faltou a luz, durante o debate.
Mas o tom não foi só humorístico: houve também críticas, principalmente dirigidas a José Pinto Coelho e ao seu partido, "Ergue-te". Muito assinalado foi o momento em que parecia estar a assumir ser racista.
Para o especialista em redes sociais, "o facto de ter acontecido o debate com os partidos sem representação parlamentar é importante para a democracia", porque dá voz a outros partidos.
Para o investigador, mostra também uma "abissal diferença entre aqueles que têm representação parlamentar e os que não têm", tanto em termos de capacidade de comunicação como de ideias. "O que nós tivemos ali ontem leva-nos a valorizar mais aquilo que nós elegemos também", diz.
Mas há quem se destaque, como a candidata do Movimento Alternativa Socialista (MAS), Renata Cambra, que ganhou a aprovação de grande parte dos internautas.
Os utilizadores do Twitter manifestaram também o seu apoio ao jornalista Carlos Daniel, que moderou o debate - ao ponto de criarem uma Petição Pública para colocar o jornalista no Panteão Nacional. "Ninguém merece", é a justificação.
A rir ou a falar a sério, a verdade é que o debate entre os partidos sem assento parlamentar foi o tema central no Twitter em Portugal, na noite de terça-feira. Estes partidos nunca tinham tido tanto destaque, como se vê no gráfico.
Com tanta participação, é justo dizer que foi o Twitter que ganhou o debate dos partidos sem assento parlamentar. Pelo menos assim consideraram os votantes desta "sondagem":
Nos partidos com representação parlamentar, a Iniciativa Liberal continua a ganhar com grande destaque no Instagram, em termos de interações.
O PSD e o Chega mantêm-se em segundo e terceiro lugar e o PS, nas últimas horas, subiu para a quarta posição. Já no Facebook, é o Chega que ganha, seguido do PSD e depois do PS.