20 jan, 2022 - 19:10 • Inês Rocha
Esta quinta-feira, o último debate entre os candidatos às legislativas de 30 de janeiro, nas rádios Renascença, Antena 1 e TSF, começou às 9 horas da manhã, mas nem por isso as redes sociais deixaram de ser o "eco" da discussão.
"O debate foi a uma hora que seria de pouca disponibilidade dos
portugueses para estarem atentos, mas ainda assim sentimos aqui um pico
de interações no Twitter e de tweets sobre o debate", revela Nuno Palma,
investigador do Media Lab do ISCTE. "O que quer dizer que os
portugueses estão realmente atentos aos debates, independentemente da
hora", diz.
Líder do PSD diz que "não faltaram debates" e crit(...)
No Twitter, as ausências do debate acabaram por marcar a discussão. "Antes do debate começar já se falava das justificações de Rui Rio, as posições foram-se dividindo", diz o investigador.
"Houve quem defendesse a posição de Rio, criticando até a falta de meios para ele fazer o debate à distância. Outros que acharam que Rui Rio pensa que este modelo não lhe corre assim tão bem e por isso que se estava a desviar um bocadinho do debate".
Rui Rio não foi o único líder partidário ausente do debate das rádios. Também André Ventura faltou, alegando motivos de agenda. Mas isso não fez mossa ao líder do Chega nas redes.
"É interessante notar que não houve muito interesse na ausência de André Ventura, e o Chega e Ventura acabaram por, pelo menos no Facebook, continuar a dominar em termos de interações, como é habitual nessa rede, mesmo sem estar no debate", explica o investigador.
Nuno Palma não identifica, no fórum do Twitter, "vencedores claros", mas diz que "houve, se calhar, alguns perdedores". Cotrim de Figueiredo foi "um bocadinho penalizado por aquela afirmação sobre os ministérios que seriam extintos".
Questionado sobre que ministérios extinguiria ou fundiria, caso governasse, o líder da Iniciativa Liberal primeiro fugiu à pergunta e depois disse "ainda não ter pensado" bem sobre o assunto.
Deu apenas o exemplo da Coesão Territorial, que considera que não devia ser um ministério, mas "parte de todos os ministérios".
"Foi muito criticado e os utilizadores mais à esquerda pegaram nessa questão. Até porque Cotrim Figueiredo tem ido bastante bem preparado para os debates e não seria de esperar uma declaração destas", considera o especialista.
Já na noite de quarta-feira, o tom no Twitter continuou divertido, após o líder dos pequenos partidos - com alguns candidatos a entrarem mesmo no mundo dos "memes" com os seus animais de estimação.
Primeiro foi o Rui Rio com o gato Zé Albino e uma provocação ao PAN e ao PS. Acabou por ter respostas, no mesmo tom, de Rui Tavares, Cotrim de Figueiredo e Inês Sousa Real.
Nuno Palma considera que este momento mais "ligeiro" não foi muito político - foi antes "uma tentativa de criar uma aproximação aos leitores", com uma "aproximação mais pessoal dos líderes, mostrando até as suas próprias casas, os seus animais de estimação".
"Não sei se passará um bocadinho da brincadeira, a discussão à volta disso foi 'simpática', podemos dizer assim. Não houve grandes críticas, não houve assim uma discussão muito séria em torno de questões políticas. Pode ser apenas uma tentativa de aproximação dos candidatos ao eleitorado através das redes, como seria habitual noutros contextos como fazem durante o ano, quando estão fora de campanha", diz o especialista.