20 jan, 2022 - 10:50 • Cristina Nascimento
O CDS afasta qualquer hipótese de entendimento com o PS e o PAN propõe a criação de um Ministério da Biodiversidade. Já o PCP recusa participar em qualquer solução governativa que corte rendimentos. Esta são algumas das ideias reveladas na primeira ronda de perguntas no debate das rádios, dedicada ao tema sobre como deve ser o futuro Governo de Portugal.
O primeiro a responder foi Cotrim de Figueiredo, da Iniciativa Liberal, considerando que um governo “com mais de 13 ministérios é excessivo”. Cotrim Figueiredo aproveitou esta resposta para atacar a formação atual do Governo de António Costa, considerando que dá “sinal de pouco foco” e que “atirar recursos para cima dos problemas” não é suficiente.
Respondendo à mesma questão, Inês Sousa Real, do Partido Pessoas-Animais-Natureza (PAN) defendeu “uma reformulação dos ministérios dando destaque ao que é mais prioritário, como a questão climática”. Nesse âmbito defendeu a criação do Ministério da Biodiversidade e que o Ministério da Economia incorpore “uma visão de economia diferente, apostando fortemente numa economia verde”.
De alguma forma na mesma linha, Rui Tavares, do Livre, defendeu que “todos os Ministérios se preparem para as alterações climáticas” e que todos os anos seja feito, na Assembleia da República, um debate sobre o Estado do Ambiente, à semelhança do que acontece com o debate do Estado da Nação.
O líder do Livre defendeu ainda que todos os futuros membros do Governo fossem previamente ouvidos no Parlamento, à semelhança do que se faz no Parlamento Europeu e o executivo comunitário.
Já António Costa, secretário-geral socialista, voltou a apelar a uma maioria do Partido Socialista, lembrando que, se em 2019 defendia que o melhor seria a continuação da geringonça, agora não pensa o mesmo.
“A melhor forma de termos estabilidade é termos uma maioria”, acrescentando que “não podemos andar de crise em crise”.
Costa lembrou ainda o tempo do primeiro Governo de Guterres em que a falta de maioria obrigou “negociar medida a medida” e recordou que o primeiro Orçamento desse Governo foi negociado entre Guterres e o antigo líder do CDS, Manuel Monteiro. Questionado sobre um eventual entendimento com o PSD sobre uma revisão constitucional, Costa começou por dizer que “não se justifica nenhuma revisão constitucional” e que “matematicamente qualquer revisão constitucional deixa de fora PS ou PSD”, salvo uma total alteração da configuração da Assembleia da República
Quando tomou a palavra, o atual líder do CDS, Francisco Rodrigues dos Santos recusou terminantemente que esse cenário de entendimento entre PS e CDS volte a acontecer. Já sobre a extensão do Governo, Rodrigues dos Santos considera que um executivo com 11, 12 ou 13 ministérios seriam suficientes desde que “com ministros que, de facto, existam”. Francisco Rodrigues dos Santo defendeu o regresso de um Ministério da Agricultura e considerou a Defesa como uma prioridade, área onde destacou a necessidade de captação de novos efetivos, uma revisão das progressões de carreira e uma revisão do conceito de estratégia nacional.
Do lado da CDU, João Oliveira foi questionado sobre em que circunstância teriam lugar num Conselho de Ministros ao qual respondeu que “é o povo que decide que condições terão”. O comunista considerou que o mais importante é definir “políticas que respondam aos problemas das pessoas”, nomeadamente a habitação. Oliveira assegurou ainda que não vai participar em nenhum Governo “que vá cortar rendimentos” e que “a força da CDU serve sempre para travar oque é negativo e dar força ao que é positivo”.
Por fim, Catarina Martins, coordenadora do Bloco de Esquerda, voltou a garantir que foi o Partido Socialista que não quis continuar a geringonça e questionou porque é que o PS defende a necessidade de uma maioria absoluta.