25 jan, 2022 - 14:28 • Lusa
O dirigente comunista João Oliveira sustentou que o país viveu nos últimos dois anos uma "pilhagem liberal" e considerou que as ideias dos "propagandistas das ideias liberais" para a habitação são inconcebíveis.
No comício durante a tarde no Largo da Graça, em Lisboa, a escassos metros da Voz do Operário, João Oliveira concentrou as críticas na direita e em particular na Iniciativa Liberal (IL).
"Em tempo de epidemia, enquanto o povo português sofria, os acionistas dos grupos económicos e das multinacionais concentraram sete mil milhões de euros, repito, sete mil milhões de euros, que em grande parte foram postos fora do país e em "offshores". Isto é uma autêntica pilhagem liberal. A política do salve-se quem puder, que junta PSD, CDS, IL e Chega e a que o PS dá mão quando admite governar lei a lei com o PSD", disse o membro da Comité Central do PCP.
Antes da intervenção do também líder parlamentar comunista, vários jovens subiram ao palco para exporem as dificuldades que dizem sentir. Uma das mais apontadas foi a dificuldade em encontrar casa.
E sobre habitação, João Oliveira quis carregar "um pouco mais nas tintas" e fez várias questões aos que "aparecem aí com um discurso modernaço".
"Porque é que não ouvimos esses modernaços das ideias liberais a falarem de habitação? Porquê? Será que em relação à habitação a solução milagrosa do funcionamento do mercado é uma bomba que lhes rebenta nas mãos? Será que as suas teorias magníficas de que deixando funcionar o mercado e a concorrência não poderá já ter-lhes rebentado na mão?", questionou, acrescentando que da IL não há "uma única palavra sobre habitação".
A resposta pode ser porque não é "um problema daqueles que eles sintam mais" ou porque "é um combate em que sabem que são derrotados à partida com toda a evidência" que a realidade portuguesa demonstra, completou o dirigente comunista.
João Oliveira disse ainda que é preciso demonstrar aos liberais que as ideias que apresentam para o desenvolvimento do país estão erradas.
"A todos esses que querem que o Estado tenha intervenção mínima, que querem que os serviços públicos sejam reduzidos ao mínimo e incapacitados na sua resposta, que querem endeusar a concentração de lucro e invocar as maravilhas do mercado e da concorrência como se fossem solução para algum mal. A todos esses temos de lhes dizer que nem em Portugal isso tem retirado ninguém da pobreza, nem no resto do mundo isso tem ajudado quem quer que seja", sustentou.
O membro da comissão política do Comité Central comunista classificou ainda como "retrogradas" as ideias dos liberais.
João Oliveira está a substituir o secretário-geral do PCP até ao início da próxima semana, enquanto Jerónimo de Sousa está a recuperar de uma cirurgia de urgência à carótida interna esquerda a que foi submetido em 13 de janeiro.
A campanha eleitoral da CDU começou por ser dividida com João Ferreira e o partido previa que o antigo eurodeputado comunista assumisse por inteiro a agenda do secretário-geral, enquanto João Oliveira prosseguiria com a campanha pelo distrito de Évora, por onde volta a ser o cabeça de lista.
No entanto, João Ferreira contraiu a covid-19 no início da semana e teve de abandonar a campanha da CDU.
Nas legislativas de 2019, a Coligação Democrática Unitária (CDU) - que integra o PCP, o PEV e a Associação Intervenção Democrática - elegeu 12 deputados (dez do PCP e dois do PEV) e obteve 6,33% dos votos, ou seja, 332.473 votos (de um total de 5.251.064 votantes), menos 113.507 do que em 2015, de acordo com o Ministério da Administração Interna.