25 jan, 2022 - 14:36 • Lusa
Uma pequena comitiva do Livre subiu hoje ao alto da Serra de Carnaxide, em Oeiras, apelando à sua preservação face à crescente urbanização na zona e defendendo um modelo de desenvolvimento com a natureza e não contra esta.
Numa manhã fria mas de sol, o dirigente e fundador do Livre Rui Tavares e cerca de duas dezenas de apoiantes percorreram vários trilhos da Serra de Carnaxide, que abrange o concelho de Oeiras, mas também Amadora e Sintra, numa ação de campanha para as legislativas de 30 de janeiro e antes de Tavares se deslocar à Cidade Universitária, em Lisboa, para votar antecipadamente.
O vasto espaço natural atinge 211 metros de altitude e ocupa cerca de 600 hectares, situando-se a meio caminho entre a serra de Sintra e o Parque Florestal de Monsanto.
Mas a urbanização da zona tem vindo a aumentar, o que motivou em 2019 o lançamento de uma petição intitulada "Preservar a Serra de Carnaxide" que reuniu mais de cinco mil assinaturas e cujo objetivo era travar a construção de projetos imobiliários na área, de modo a preservar a flora, fauna e património arquitetónico classificado no local.
Em novembro passado, a Assembleia da República aprovou por unanimidade, um texto final que juntou projetos de resolução de PS, PSD, BE, PCP, PAN, PEV e da deputada não inscrita Joacine Katar Moreira, que recomendam ao Governo a classificação da Serra de Carnaxide como paisagem protegida.
Em declarações aos jornalistas, o cabeça de lista por Lisboa do Livre, Rui Tavares, apontou que "a atenção da opinião pública e também dos decisores políticos tem sido chamada para este património e têm sido chamados a fazer alguma adaptação no que era um caminho de betonização e de urbanização deste espaço verde".
"Mas há ameaças que pairam, algumas já concretizadas", disse, apontando para uma urbanização ao longe, ainda em obras, "do outro lado já da Amadora".
"Uma urbanização que na primeira vez que aqui viemos, já há alguns anos ainda poderia ter sido impedida a tempo, e que avança e que mais uma vez repete em plena década de 2020 os erros que fizemos e que de certa forma ainda teriam alguma desculpa de falta de consciência nas décadas de 1970 ou 80, mas que agora já não fazem sentido", defendeu. .
Lembrando que estava em "território de convergência à esquerda", numa alusão à coligação nas últimas eleições autárquicas que juntou em Oeiras Livre, BE e Volt Portugal, Tavares apelou à preservação da natureza, uma das bandeiras do partido. .
"Onde preservamos a natureza que seja para preservar como parques naturais, como espaços de património natural que sejam partilhados entre vários municípios, em alguns casos até com agências próprias para o gerir, que tenham a sua independência e que trabalhem com a sociedade civil porque aqui também há um espaço importante de biodiversidade", sustentou.
O dirigente advogou ainda que "há outros modelos de desenvolvimento que são feitos com a natureza e não contra a natureza e também são feitos com as pessoas e não contra as pessoas". .
Na caminhada matinal da comitiva do Livre, houve ainda tempo para José Araújo, eleito para a Assembleia de Freguesia de Carnaxide e Queijas, levar o Tavares até a um pequeno espaço dedicado à apicultura, que considerou ser "um bom exemplo daquilo que a Serra de Carnaxide também podia ser, que é um espaço também onde podemos desenvolver atividades económicas nomeadamente a apicultura e, porque não, o pastoreio".